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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Você respeita seus limites?



Vença a resistência em reconhecer suas limitações e viva mais feliz.

Você costuma exceder seus limites? 

Força seu corpo a permanecer acordado mais horas do que ele aguenta? 

Não consegue dizer não para os outros, se sobrecarregando de responsabilidades e atividades? 

Coloca-se em situações e relacionamentos com os quais não está em condições mentais ou emocionais para levar adiante? 

Obriga sua mente a trabalhar mesmo quando ela não já não suporta mais?

Quando não respeitamos nossa identidade física com seus potenciais e limitações, corremos o risco de mal utilizar nosso corpo, causando lesões e danos. Uma pessoa muito insatisfeita com sua aparência física, por exemplo, pode criar distúrbios como anorexia, ou exercitar-se demais e machucar-se. Se alguém tem diabetes ou alergia a algum alimento, mas insiste em comer o que lhe faz mal, agrava sua doença. Assim também são igualmente nocivos os desrespeitos às nossas identidades emocional, mental e espiritual.

Normalmente focamos no que gostaríamos de ser, e não necessariamente em quem realmente somos. Isso leva ao famoso sentimento de vazio.Se a pessoa que desejamos ser está de acordo com nossos limites, com nossa real identidade, seremos satisfeitos e plenos. Entretanto, quando nos pautamos pela verdade dos outros ou na ilusão externa, e não na própria verdade, isso nos leva a muitos tropeços e dor.

Reconhecer os limites da própria identidade nem sempre é um processo agradável. Em um primeiro momento, surge a resistência em aceitá-los. A voz interna do ego-negativo nos gera medo e insegurança, nos fazendo acreditar que se assumirmos nossa verdade, não seremos bons o suficiente ou aceitos, e que nos sentiremos aprisionados e limitados. É preciso nos desapegar das ilusões, de sonhos que aparentemente nos movem, mas na realidade são exatamente aqueles que nos levam para o vazio e frustração.

Quanto mais abertos estamos para buscarmos quem realmente somos e para assumirmos nossa verdade, permitindo-a aflorar, sem o apego às imagens e padrões pré-estabelecidos, mais leve e natural é o processo.
Uma vez reconhecidos os limites de sua identidade, o próximo passo é fazer novos acordos com você mesmo e com quem se relaciona. Passe a trabalhar as horas que seu corpo aguenta. Explique que não pode fazer o favor ao outro, pois isso o sobrecarregaria e o resultado de um favor mal atendido prejudicaria ambos. Aceite que no momento não está preparado para estar em uma situação ou relacionamento, explicando seus motivos ao outro e se permitindo afastar-se para rever sua identidade. Assim, pode utilizar esses verdadeiros, mas de alguma maneira novos, limites de modo suave e justo. Pode inclusive aprimorá-los, assim como se faz com seus músculos na musculação. Uma coisa é levantar cem quilos, não estando preparado para isso e se lesionar. Outra, é treinar, começando com pesos leves, aumentando gradativamente até chegar a 100 kg. Os limites podem ser trabalhados para se tornarem mais flexíveis e fortalecidos, mas respeitando sua verdade e identidade, sem precisar rompê-los e se machucar.

Como saber se estamos respeitando nossos limites?

Esteja atento aos seus sentimentos e impressões, ainda que muitas vezes eles sejam bem sutis.Sabe aquele leve mal estar ou aquela voz baixinha lá no fundo lhe dizendo que algo não é bom? Ou quando você sorri de modo forçado, com sentimento de peso e obrigação? Muitas vezes você sente e sabe que algo não será positivo. Ainda assim ignora sua verdade, desrespeitando-se e machucando-se, não é verdade? Mas a cada segundo você tem a escolha de fazer diferente, optando pelo respeito a si mesmo. Por que não começar agora?

Fonte: http://www.personare.com.br/revista/identidade/materia/205/voce-respeita-seus-limites


terça-feira, 30 de agosto de 2011

Os 4 Relacionamentos


Há quatro aspectos de importância vital na vida:
O primeiro é o silêncio. 

O segundo é o relacionamento comigo. 

O terceiro é o relacionamento com o Supremo e finalmente vem meu relacionamento com aqueles que estão à minha volta. 

É realmente importante pensar nessa ordem. Mas normalmente consideramos esses aspectos em uma ordem diferente. 

Estamos muito conscientes sobre os relacionamentos que temos com os outros, alguns de nós pensam sobre Deus, poucos pensam sobre seu eu interior e dificilmente alguém tem um relacionamento com o silêncio. 

Relacionamentos verdadeiros começam com silêncio. A partir desse espaço de quietude, você pode começar a criar um relacionamento melhor consigo, com o Supremo e com os outros.

Fonte: Brahma Kumaris

sábado, 27 de agosto de 2011

Neste mundo, o ódio nunca, até agora, dissipou o ódio



O ódio, deveras, nunca, até agora, dissipou o ódio. Só o amor dissipa o ódio. O ódio só leva à vingança e a vingança leva a mais ódio. Um ciclo de sofrimento é colocado em movimento e pode continuar indefinidamente. Muitos lugares no mundo hoje são uma triste evidência dessa verdade.

O ódio é uma forma extrema de raiva. Os ensinamentos do Buda levam a raiva muito a sério, porque a raiva causa muito sofrimento. Mesmo quando, por conta da raiva, nenhuma ação é executada e aparentemente ela é controlada, uma pessoa que esteja enraivecida pode num instante mudar o ambiente ao entrar num cômodo. Ela traz consigo um calafrio invisível. Quem quer que esteja por perto se contrai e se retrai tornando-se menos espontâneo e mais defensivo. Isso ocorre inconscientemente. Parece claramente uma resposta no nível celular à qualidade de energia que a raiva emite. 

Quando a raiva não é contida e irrompe com violência, o dano é demasiado evidente. Faz alguns anos, o monge Cambojano Maha Ghosananda observou que “Quando a contaminação da raiva realmente se fortalece, perde-se a noção do bem e do mal, certo e errado, de esposos, esposas e filhos. Pode-se até mesmo beber sangue humano.” Essa foi a triste observação que ele fez com respeito à longa guerra civil que havia destroçado o Camboja e matado quase todas as pessoas que ele conhecia. 

FERINDO A SI MESMO

O que é ignorado, com freqüência, sobre os efeitos desastrosos da raiva no entanto, é o dano que ela causa à própria pessoa. A primeira pessoa ferida é sempre aquela que está com raiva. Uma mente com raiva é uma mente com sofrimento. Uma mente enraivecida fica agitada e tensa. Ela fica contraída e estreita. A qualidade da consciência muda. O julgamento e a perspectiva deixam de existir. Todo o bom senso desaparece. A pessoa se sente inquieta e compelida. Nada é satisfatório. O sono é difícil. O corpo fica tenso. 

A noção do eu é engrandecida e da mesma forma a noção do outro. Uma das razões porque a raiva é tão dolorosa é porque instantaneamente cria uma tamanha separação entre o eu e os outros. Uma barreira é estabelecida entre os dois, incapaz de ser superada.

Mas a raiva também pode ser prazerosa. Há um forte sentimento de justiçamento. Pensamentos de auto-justificação assumem o comando. Como dizem os versos do Dhammapada, “Vejam como abusaram de mim! Vejam como me humilharam!” Há um sentimento de desafio e retidão: “Eu estou certo!” Mas, subjacente ao prazer gerado por esses pensamentos auto-justificativos encontra-se a dor de uma mente tão rigorosamente constrita que está fechada a qualquer enlace humano.

As conseqüências da raiva são sérias. A raiva age como um veneno na mente. Ela gera karma ruim e prejudicial. Cada pensamento ou palavra, ou ação enraivecida tem o seu efeito correspondente. Algumas vezes pensamos que ao fazer algo, especialmente se ninguém mais toma conhecimento, aquela ação simplesmente desaparece. Essa noção pode ser um tanto reconfortante se estivermos incertos quanto à bondade daquilo que foi feito. 

A ação aparentemente desaparece. O pensamento foi pensado. A palavra foi dita. A ação ocorreu e se foi. Mas aquela ação coloca em movimento uma cadeia de efeitos subseqüentes que persistem. Tal qual as ondas que correm em todas as direções quando uma pedra é arremessada num lago, da mesma maneira, cada ação intencional tem resultantes que se movem através do espaço e tempo e afetam tudo aquilo que tocarem. Estamos atados àquilo que fizemos e aos efeitos do que causamos. Em outras palavras, somos os herdeiros do nosso karma. 

Se a intenção na mente for benéfica, a felicidade virá depois. Mas se a intenção for prejudicial, então é outra história. Os resultados de uma ação são sempre da mesma natureza que a intenção que a realizou. Como quando plantamos uma semente de maçã, o único tipo de árvore que irá crescer é uma macieira. E aquela árvore irá gerar apenas um tipo de fruto – maçãs. Uma semente de maçã não produz uma laranja ou um pêssego. 

Assim, do mesmo modo, se uma semente de raiva tiver sido plantada na mente, o sofrimento certamente virá depois. Pois, um dia quando as condições forem apropriadas, aquela semente de raiva irá amadurecer e gerar os frutos enraivecidos. E quando chegar o momento apropriado, os efeitos da raiva irão regressar como um bumerangue e golpear-nos uma vez mais. 

A raiva, com freqüência, é comparada ao fogo. Este queima tudo aquilo que lhe dá suporte e depois aparentemente se extingue. Mas o fogo algumas vezes pode ficar latente, escondido, até que as circunstâncias se juntem e façam com que o fogo irrompa novamente.

Eu entendi essa analogia muito melhor depois de uma viagem a Durango no Colorado, há alguns anos atrás. Fazia pouco tempo que nas montanhas acima da cidade havia ocorrido um incêndio na floresta, que havia queimado tudo sem controle. Eu fui até lá para ver as encostas enegrecidas. Não havia nada de verde em nenhum lugar, apenas árvores carbonizadas e cinzas. Uma paisagem grave. Mas ainda mais sério foi o comentário de um dos guardas florestais. Ele disse que embora não houvesse mais sinal do fogo, com certeza ele estava ardendo em algum lugar profundo entre as raízes, e mesmo um inverno rigoroso com muita neve não o apagaria. Ele disse “Nós não sabemos onde e quando ele irá reaparecer então, temos que estar sempre vigilantes.” Da mesma maneira, quando as condições forem apropriadas, os efeitos da raiva reaparecerão. 

A lei de karma também diz algo mais que é grave. Diz que ao longo do tempo a nossa personalidade e caráter são moldados por aquilo que pensamos e dizemos e fazemos. Cada momento de raiva aprofunda a marca da raiva no contínuo mental. Isso significa que cada vez que sentirmos raiva, será mais fácil sentir raiva outra vez. Uma reação enraivecida, repetida com freqüência, pouco a pouco se torna um hábito. Começamos a perceber cada vez menos coisas que nos dão prazer, tanto na nossa vida como nos outros, e nos tornamos cada vez mais irritadiços e negativos. E não é de se estranhar que as pessoas comecem a nos evitar e que nos sintamos isolados e solitários. Enquanto isso, as coisas desagradáveis continuam acontecendo e somos incapazes de compreender que elas são o resultado das nossas próprias ações. 

A nossa personalidade e as nossas próprias vidas foram moldadas – e continuam a ser moldadas – pelas escolhas que fazemos. É, portanto, muito importante refletir sobre a nossa própria responsabilidade em relação a como as nossas vidas se desenrolam. As nossas ações são a única coisa que realmente possuímos. Nós herdamos os resultados delas e colhemos o que quer que semeemos. 

LIBERTANDO-SE DA RAIVA

Apesar disso ... não estamos condenados a repetir o passado. 

A qualquer momento esse padrão pode ser rompido. Pois, quando temos atenção plena, vemos que a cada momento temos escolha. Devo reagir com raiva? Ou devo responder de modo gentil, com amor?

Quanto mais praticarmos e quanto mais reflitirmos sobre as nossas vidas e as vidas à nossa volta, maior a nossa compreensão sobre a profundidade da lei de karma. Passaremos a ver porque nunca deveríamos responder à raiva com a raiva. Um lama Tibetano observou que responder com raiva à raiva de uma outra pessoa é como seguir um lunático que salta num abismo. Se é loucura ele fazer isso, é ainda mais louco eu seguí-lo!

No silêncio que desfrutamos neste retiro, existe uma oportunidade contínua de observar a mente e os meios que empregamos para nos relacionarmos com o mundo. Existe uma oportunidade de ver como surge a resistência contra aquilo que não gostamos. A raiva é uma forma de resistência ao momento presente. Quando não gostamos daquilo que está presente, nos enrijecemos como em oposição e tentamos nos livrar daquilo, colocando-o de lado.

A raiva tem variados matizes e assume muitas formas distintas. Elas incluem a irritação, a frustração, a fúria, o ódio, o amargor, a tristeza, o cinismo e a impaciência. Além disso, há o julgamento. A mente julgadora ocorre com freqüência – julgando a si mesmo, julgando os outros. E a culpa, também, é uma forma de raiva. É a raiva para consigo mesmo. 

Todos esses diferentes tipos de aversão podem ser chamados de emoções negativas. Mas, negativo neste caso não quer dizer mau. Uma emoção negativa é simplesmente aquela que nega ou refuta. Quando a raiva diz “Eu não gosto disso. Eu não quero isso!” ela está dizendo NÃO para a vida. Pois a vida naquele momento ocorre de um certo modo e esse modo está sendo rejeitado. 

A vida insiste todo o tempo em nos apresentar coisas que nós nunca teríamos escolhido se tivéssemos escolha. Pode ser uma posição sentada dolorosa, o estomago embrulhado, um vento gelado, notícias tristes ... A questão então, é como não reagir com aversão, como não ficar automaticamente com raiva ou triste, ou com medo. 

A prática toda que estamos realizando conduz à libertação da raiva e a todo tipo de aversão. Mas gostaria de focar especialmente em dois métodos: o desenvolvimento do amor bondade e o desenvolvimento da atenção plena. Essas duas práticas podem ser desenvolvidas simultaneamente. Vamos analisar a atenção plena primeiro. 

Nós precisamos observar as nossas mentes com atenção. Nós queremos capturar a raiva, se pudermos quando ela ainda é pequena, exatamente quando ela começa a se desenrolar. Se exatamente a primeira sensação de desagrado for notada, ela poderá desaparecer antes que cresça como uma irritação. Ou, se já for uma irritação, poderá ser notada e confrontada antes que cresça como raiva. Ou, se já for raiva e se for vista, poderá ser capturada antes que jorre para fora em forma de algum ato do qual mais tarde nos arrependeremos – uma nota mal humorada, palavras grosseiras ou uma porta batida. A fúria e o ódio, com toda a intensidade, não surgem do nada. Eles evoluem de uma sensação desagradável momentânea, que passou desapercebida e que rapidamente cresceu em intensidade.

O ponto no qual tomamos consciência da raiva depende da qualidade da atenção. Quanto mais cedo sintonizarmos e compreendermos que a raiva está presente, mais fácil será controlá-la e abandoná-la. Mas se estivermos perdidos em pensamentos, perdidos em alguma estória sobre nós mesmos, não haverá contato com o que de fato está ocorrendo no presente momento. 

Certa vez eu estava num engarrafamento de tráfego. Uma longa fila de carros estava imóvel, presa. Eu vi um homem num carro numa outra pista que estava não só buzinando, mas também batendo no para-choques do carro da frente para que ele saísse da frente. O homem estava com o rosto em chamas, agitando os punhos para o outro motorista, quando veio um policial para controlá-lo. Aquele homem estava tomado pela raiva, ele nem se deu conta que o motorista à sua frente estava tão preso no engarrafamento quanto ele.

TRABALHANDO COM AS DIFICULDADES

Agora, aquilo que vou dizer sobre trabalhar com a raiva se aplica a qualquer emoção aflitiva, portanto, se a raiva não for a sua principal preocupação no momento, mas o desejo ou o medo, ou a inveja, ou alguma outra coisa, por favor preste atenção com cuidado, pois as mesmas palavras são aplicáveis. 

Se você estiver sentado e de repente acordar para o fato de que está com raiva, com muita raiva – dê um passo para fora da estória que está se desenrolando na sua mente. Deixe de lado o pensar. Faça uma pausa e permaneça com a sensação de raiva, não importa quão desconfortável ela for. A sensação poderá ser de total repugnância, uma massa confusa, pesada, quente e que queima. Cada emoção possui o seu toque particular e quando ela assume o comando, parece ser uma entidade sólida, substancial, que não tem fim. 

Na verdade, a raiva não é sólida, mas uma combinção de diferentes componentes: pensamentos, que fazem a estória ficar dando voltas; um toque emocional em particular; e numerosas sensações corporais. E tudo isso, assim como a própria raiva, é transitório. Surge e desaparece, surge e desaparece. 

Tente deixar de lado os pensamentos. Abandone a estória que está se desenrolando na mente: “Ele fez isso, ela disse aquilo, isso não é justo ... “ Esses pensamentos são a expressão da raiva e também o seu alimento . Abandone-os e traga a atenção para as sensações no corpo. Permita-se sentir, sinta completamente a emoção, diretamente. Olhe para ver o que está acontecendo. Há calor, há pressão, há tensão, há contração? Onde no corpo estão sendo experimentadas essas sensações? Elas se movem? Elas mudam? Qual a sua relação com elas? Há resistência contra elas? Se houver resistência, permaneça com ela e sinta-a. 

Se o pensamento for tão forte que fica puxando-o de volta para a estória, faça uma pequena notação mental ‘pensando,’ ‘pensando’. A notação mental mantém viva a atenção plena e é um cordão de sanidade. Ela nos recorda do que na verdade está acontecendo exatamente neste momento – que, muito simplesmente, são pensamentos enraivecidos surgindo na mente. 

Quando a raiva for forte e custar muito trabalho permanecer no presente, respire fundo algumas vezes, respire através da raiva e depois regresse para as sensações no corpo quando puder. Acima de tudo, aceite o fato de que a raiva está aqui. Abra-se para ela. Dê permissão, com suavidade. Ficar contrariado e enraivecido com a raiva só aumenta a raiva e aumenta a dor. 

Se a emoção for demasiado intensa para ficar sentado, faça meditação andando. Caminhe rápido. Traga a atenção plena para o caminhar. Ou pare e desfrute da natureza. Olhe para os campos e as árvores contra o céu. Olhe para os pássaros e as pequenas criaturas. Mas não se entregue aos pensamentos. Tenha atenção plena. Pois quando temos atenção plena, não há raiva. A raiva desaparece. Isso é verdade para qualquer emoção negativa. Quando a atenção for incondicional, a negatividade simplesmente desaparece. 

APENAS UMA PEQUENA FOLHA ...

Faz muito anos, eu tive uma dessas experiências que fez com que o meu entendimento da prática mudasse significativamente. Foi numa época em que eu estava muito triste. Parecia que o fim do mundo havia chegado para mim. Alguém que eu amava muito havia partido e era improvável que fosse voltar. 

Caminhando no jardim em frente à minha casa eu distraída peguei uma folha dum arbusto. E depois, por alguma razão, parei e olhei para a folha na minha mão. Minha atenção foi de alguma forma atraída pela folha e comecei a estudá-la com cuidado. Eu fiquei parada, olhando para a pequena folha, as suas veias, as bordas delicadas, a sua suavidade, o seu brilho, o seu verde intenso. E de repente compreendi que aquela tristeza pesada e obscura que estava me deprimindo, havia partido. Meu coração estava completamente leve e em paz. 

O contraste entre ser engolida pela tristeza e a repentina libertação para a leveza e a paz foi tão forte que o pensamento surgiu: “Essa folha é mágica?” Eu não compreendi em absoluto o que havia acontecido. A mudança foi tão grande, tão completa, que supus que ela tinha de ser causada por algo fora de mim mesma. E com cuidado eu trouxe a folha para dentro da casa. Eu não havia compreendido que a mudança do sofrimento para a paz havia acontecido simplesmente porque por alguns momentos a minha mente esteve focada e plenamente atenta. 

Na manhã seguinte, eu peguei uma outra folha para ver se ela tinha o mesmo poder, como se a felicidade repousasse numa folha. É claro que não funcionou. Eu só fui compreender muito mais tarde que quando a atenção plena é completa, não há tristeza, não há raiva – pois não há pensamento. 

O pensamento e o entregar-se ao ciclo de pensamentos, permitindo que eles sigam indefinidamente, é que faz com que nos sintamos infelizes e nos mantém infelizes. Quando o pensamento é cortado, as aflições mentais desaparecem. Dukkha é substituído pela felicidade de uma mente alerta e tranqüila. 

Aquele momento com a folha foi uma grande lição para mim. Pois foi através disso que pude enxergar o poder extraordinário da atenção plena – o seu poder curativo. Quando a atenção está totalmente com algo, qualquer coisa, não há espaço na mente para a tristeza ou para a raiva, ou qualquer outra emoção negativa. Só a atenção está presente. E a paz que provém da completa atenção está acima de qualquer comparação. 

Se tivesse sido possível transferir aquele tipo de atenção cuidadosa, que havia sido dada para a folha, para qualquer coisa que eu fizesse e sustentar essa atenção, a tristeza não teria nunca retornado. Mas é claro, ela retornou. Aquele momento de presença completa foi apenas um descanso para a minha mente. Foi um tremendo alívio, mas não deu um fim à minha dor, e nem poderia. Para que isso, acontecesse, algo mais era necessário. 

Na próxima vez que a tristeza surgiu, ao invés de buscar pela cura mágica numa folha, como (para ser honesta) eu continuei fazendo por vários dias, eu deveria ter me voltado para o próprio sentimento de tristeza. Eu deveria ter estado atenta permitindo a mim mesma sentí-lo completamente. A menos que seja possível ficar plenamente atenta o tempo todo, do que eu não era capaz, a única forma de finalmente resolver qualquer emoção aflitiva é enfrentá-la de frente, abrir-se para ela, e trazê-la totalmente para a consciência. Quando for completamente compreendida, ela irá se dissipar e desaparecer. Em geral não é possível fazer isso de imediato, é óbvio. Pode ser demasiado doloroso. Então, temos que respeitar as nossas limitações e seguir num passo apropriado. 

Ao mesmo tempo, é importante compreender, quando estamos numa situação desagradável que não pode ser mudada, que quanto mais rápido a resistência for abandonada, tanto mais rápido estaremos em paz. É bom senso, nada mais. De outro modo, continuaremos batalhando para viver num mundo que não existe, um mundo de fantasia de como desejaríamos que as coisas fossem, mas não são. Estaremos em dessintonia com aquilo que está acontecendo no momento e o sofrimento será inevitável.

O abandono, com a rendição à realidade do momento presente, é a única coisa realista a ser feita. Aceitar uma determinada situação não significa que você precisa gostar dela. Significa simplesmente que, quer gostemos ou não, ela está ali. 

UMA VIDA NOTÁVEL

A história da vida de Maha Ghosananda, o monge Cambojano que mencionei antes, ilustra com beleza tudo aquilo que tenho tentado explicar. Ghosananda conheceu diretamente aquilo de pior que a raiva é capaz de fazer. Ghosananda experimentou os efeitos horríveis da raiva e devido à desesperança decidiu aprender a amar. 

Como jovem monge, Ghosananda primeiro estudou os suttas, [discursos]. Quando chegou a hora de começar a praticar meditação, ele foi mandado para um monastério na Tailândia. Foi na Tailândia, um lugar seguro, que ele primeiro ouviu sobre as hostilidades no Camboja. Ele descobriu que os seus pais e todos os irmãos e irmãs haviam sido assassinados. À medida que o tempo foi passando, ele ficou sabendo da morte de muitos dos seus companheiros, monges e monjas. E é claro, ele disse, que chorou por tantas perdas. Ele chorou pelo seu país. Ele chorou, ele disse, todos os dias e era incapaz de parar de chorar. Mas o seu mestre o encorajou a parar. “Não chore,” lhe disse, “Tenha atenção plena.” Isso pode soar como falta de compaixão, mas foi um bom conselho. 

“Estar com atenção plena,” disse o mestre, “é como saber quando abrir e fechar as suas janelas e portas. A atenção plena nos diz quando é o momento apropriado de fazer as coisas ... Você não pode parar a guerra. Ao invés disso, lute contra os seus impulsos de tristeza e raiva. Tenha atenção plena. Prepare-se para o dia em que você poderá ser verdadeiramente útil para o seu país. Pare de chorar e tenha atenção plena!”

Ghosananda disse que ele ficou muito tempo sentado refletindo sobre o extermínio e naquilo que o seu mestre havia dito. Ele compreendeu que os mortos estavam mortos. Eles estavam no passado. Haviam partido. Toda a sua família, todos os seus amigos se foram. Ele pensou no futuro e viu que ele era totalmente desconhecido. Ele decidiu fazer a única coisa possível, tomar conta do presente da melhor forma que ele podia. “O presente é a mãe do futuro,” ele dizia. “Tome conta da mãe. Assim a mãe tomará conta dos filhos.” Então, ele regressou para a prática, de volta para a respiração. Pois, dizia ele, “Respirar não é o passado ou o futuro. Respirar é agora.”

As lágrimas pararam. “Não há tristeza no momento presente,” ele explicava. “Como poderia haver? A tristeza e a raiva se referem ao passado. Ou elas surgem pelo medo do futuro. Mas elas não estão no momento presente. Elas agora não existem.”

Durante nove anos ele deu seguimento à sua prática nas florestas da Tailândia, isolado numa cabana, lá ele conquistou a claridade e estabilidade mental, o entendimento e o amor que são o fruto de profunda meditação. 

Quando a guerra estava chegando ao seu fim, ele regressou ao Camboja. Milhões de civis haviam morrido devido aos bombardeios, à fome, aprisionamento e tortura. Era uma nação de ódio e medo e sofrimento. Ghosananda foi para um campo de refugiados próximo da fronteira. O campo estava abarrotado de pessoas que haviam fugido dos exércitos inimigos. O esgoto corria a céu aberto. Água e comida eram escassas. As pessoas estavam desesperadas, sem saber o que fazer. Ele supervisionou a construção de um grande templo improvisado feito com bambu. 

Testemunhas dizem que milhares de refugiados se juntaram e choraram quando esse único monge budista nos seus mantos de cor ocre recitou os versos “O ódio nunca até agora dissipou o ódio. Apenas o amor dissipa o ódio. Essa é a lei antiga e inexaurível.” E ele disse mais, “agora é a vez da paz e não de mais ódio. Que não hajam mais violências ...”

De imediato, ele começou a trabalhar para ajudar a restabelecer a sociedade fraturada, reconstruindo templos, liderando marchas pela paz, encorajando as pessoas a dar um fim às hostilidades, a abandonar a raiva e viver em paz. Quase da noite para o dia ele se tornou uma figura pública e agora é conhecido no mundo todo como um porta voz da não violência e da reconciliação. Ele algumas vezes é chamado de “o Gandhi do Camboja.”

Deixar de lado o passado e aceitar as perdas é algo muito doloroso de ser feito. Mas apegar-se à tristeza e à auto-piedade e continuar a lamentar aquilo que se foi ou que poderia ter sido simplesmente corrói a força. Rouba toda a energia criativa de viver. 

O rei do Camboja ficou profundamente deprimido devido ao imenso sofrimento do seu país. Ghosananda foi perguntado que tipo de conselho ele daria ao rei. Camboja, é claro, é (ou foi) um país budista e seria algo bastante normal para o rei solicitar um conselho de um monge. 

Ghosananda disse: “Nós sempre lembramos ao rei para estar no presente. Ele sempre pensa no futuro, ele sempre lamenta o passado e assim sofre. Se ele permanecer no momento presente, ele será feliz. A vida existe no momento presente. Inspirando, momento presente. Expirando, momento presente. Não podemos respirar no passado,” ele disse. “Não podemos respirar no futuro. Só podemos respirar aqui e agora.” 

Eu gosto dessa história do rei porque é tão simples. O conselho dado ao rei é o mesmo conselho dado para você ou para mim. Esteja no presente, tenha atenção plena, e a tristeza e a raiva desaparecerão. 

CURANDO AS FERIDAS

Voltar-se para o presente e aceitar o inaceitável na verdade acaba sendo um alívio. Se vocês alguma vez fizeram isso, sabem o que eu quero dizer. Significa que não há mais necessidade de batalhar. Um fardo, que nem sabíamos estávamos carregando, é deposto. As coisas são como são. Nós as aceitamos porque são um fato. É a única coisa realista a ser feita. E assim seguimos com a vida. 

Isso toma tempo, é claro. Como disse Ghosananda, “Guerras do coração sempre demoram mais para esfriar do que o cano de uma arma ... Nós precisamos curar através do amor ... E precisamos ir devagar, passo a passo ...” Talvez a aceitação possa acontecer só depois que o sofrimento todo da perda, decepção e desesperança tenha sido experimentado.

Mas, mesmo assim, a cura não é fácil. Pois o que é necessário é nada menos do que uma transformação da mente. O perdão é necessário para que o ódio e a aversão sejam abandonados e substituídos pelo amor. O passado tem de ser perdoado, a vida em si tem de ser perdoada, por ela ser como ela é. E metta, ou amor bondade, tem de ser estimulado. 

É necessário que desenvolvamos metta para nós mesmos, metta para aqueles à nossa volta, metta para a nossa situação na vida. Como desenvolver um coração pleno de metta se torna a questão central. Para começar, o método é refletir e ter claro que isso é o que você realmente quer fazer, deixar o sofrimento de lado e ser benévolo com você mesmo e com os outros. Uma intenção clara, repetida com freqüência, coloca a mente na direção que queremos ir e ajuda a manter-nos seguindo adiante. 

O Dalai Lama menciona uma frase que ele repete a cada manhã ao despertar. “Que todos os meus pensamentos, palavras e ações hoje não causem malefícios a ninguém, mas benefícios a todos.” Com o tempo e repetição, essa frase começa a atuar como uma correnteza subjacente na mente, re-direcionando silenciosamente a intenção, afastando-a do malefício e dirigindo-a para a expressão do amor. 

O que ajuda também, é refletir sobre as desvantagens da raiva, refletir sobre todas as diferentes razões pelas quais sabemos que as emoções negativas causam malefícios. Refletir sobre isso projeta na consciência os seus efeitos danosos e reforça a determinação de evitar todas as formas que expressem a aversão. 

Praticar a meditação de metta intensivamente durante um longo período de tempo pode ajudar, ou mesmo praticá-la durante uma hora por dia. Ou começar cada sessão de meditação com frases de metta. Se você sente freqüentemente raiva de si mesmo, cheio de autocrítica e auto-julgamento, você poderia começar cada sessão de meditação com frases de metta tradicionais dirigidas para você mesmo. Isso pode parecer pouca coisa, mas se for repetido com fé, com o tempo irá causar um impacto significativo. Com o tempo haverá menos auto-julgamento, menos auto-condenação e mais auto-respeito.

Sentir metta por si próprio não só é importante, mas necessário para que a prática evolua. E por outro lado a prática intensifica o sentimento de metta. Pois com a prática a confiança e convicção em nós mesmos começa a crescer. E essa confiança crescente proporciona um senso de valor próprio e apreço, permitindo que nos voltemos mais facilmente para os outros com o mesmo respeito e apreço. 

ATENÇÃO PLENA E METTA

A mais importante fonte de metta, e essa pode ser uma surpresa, é a prática da atenção plena. A atenção plena está intimamente ligada a metta e possui até um aspecto de metta dentro de si. Pois estar com atenção plena é estar completamente aberto e receptivo a qualquer coisa presente. Um ditado Zen Chinês compara a atenção plena a um anfitrião que está recebendo amigos em casa para uma reunião. O anfitrião fica na porta e cumprimenta cada convidado conforme eles entram e se despede de cada um deles quando partem, com total atenção, um após o outro. Não há preferência por um em relação ao outro, antipatia por um ou outro. Há apenas o interesse genuíno e a atenção para com quem quer que seja que cruze a porta. 

A atenção total é uma grande dádiva. Quando você dá para alguém a sua total atenção, você está-lhe oferecendo respeito. Proporcionar atenção incondicional a outrem é aceitar aquela pessoa totalmente e reconhecer o seu valor. Nesse momento de completa atenção, um profundo vínculo humano é sentido. A outra pessoa sente esse interesse compassivo e provavelmente irá corresponder.

Com o tempo, a prática da atenção plena muda os antigos modos de percepção. Pois num momento de atenção plena, as memórias e o condicionamento passado são postos de lado. Cada momento de atenção plena é um momento de pureza no qual, por aquele instante, vemos com novos olhos a maravilha e a beleza daquilo que aqui está.

Isso é verdade não só para seres vivos, mas para objetos inanimados também. Krishnamurti, um mestre espiritual da Índia, certa vez disse que se você pegar uma pedra do chão, uma pedra comum, e colocá-la sobre a mesa na sua sala de estar e depois olhar para aquela pedra com bastante cuidado todas as vezes em que você estiver na sala, ao final de um mês você verá aquela pedra como sagrada. O poder da atenção plena nos conduz para além da superfície, para a essência de como as coisas são. 

Quando a atenção plena se tornar mais constante e precisa, alguém com quem no passado estivemos enraivecidos passará a ser visto não como um inimigo, mas como um ser que está ferido e confuso. (E se nos conhecermos pelo menos um pouco, saberemos que nós também estamos freqüentemente feridos e confusos). Compreenderemos que como nós estamos buscando a felicidade, aquela pessoa também quer ser feliz – mas não sabe como. 

Precisamos nos colocar no lugar dos outros. Como os Índios Americanos costumavam dizer, precisamos caminhar uma milha com os sapatos daquela pessoa e depois nos perguntarmos: “Como eu responderia a isso.” A resposta honesta pode muito bem ser que nós faríamos exatamente a mesma coisa. Pois quanto mais nos sentarmos em silêncio observando a mente, mais evidente se torna a infeliz descoberta, que nós mesmos somos capazes de todo o tipo de pensamentos maléficos. 

Isso não significa que não devemos nos erguer em oposição à injustiça. Mas sim, que devemos fazer isso não com raiva, mas sob a perspectiva de metta, em busca de uma solução para o problema. 

Aprender a amar os nossos inimigos não é fácil. Como Ghosananda escreveu, “Eu não questiono que amar os próprios opressores pode ser a atitude mais difícil de ser praticada. Mas é uma lei do universo que a retaliação, o ódio e a vingança só dão continuidade ao ciclo e nunca o param. Reconciliação não quer dizer renúncia aos direitos e condições, mas sim, que usamos amor em todas as nossas negociações.”

Para fazer isso é necessário grande humildade. Pois, como ele diz, “Nós precisamos nos ver nos outros. O que é o inimigo senão um ser ignorante, e nós mesmos também somos ignorantes com relação a muitas coisas ... Só metta e a atenção plena correta podem nos libertar.”

Todas as referências a Maha Ghosananda podem ser encontradas no livro “ The Future of Peace, Chapter 6,” por Scoll A. Hunt, Harper Collins (2002).
Fonte: Insight Journal, Outono 2004 – Barre Center for Buddhist Studies. Baseado numa palestra dada no Insight Meditation Society – Forest Refuge no inverno de 2003.



quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Passos no desenvolvimento da consciência espiritual



Quando o estudante deste caminho se põe sob a orientação de um Instrutor, é-lhe ensinado que o primeiro e importante passo que deve dar, é o do RECONHECIMENTO CONSCIENTE do governo de Deus; é submeter-se, sincera e voluntariamente à orientação do Divino interno, como Sua Lei e Substância. Deve praticar diariamente a conscientização da Presença interna, recordando-se constantemente dela como inspiração e ajuda; como poder que supera qualquer problema ou desafio na vida exterior.

Com esta prática ele chegará à firme convicção do que disse o Mestre: “Eu venci o mundo”. Que desejou o Mestre significar com isto? Que havia alcançado um alto nível de consciência, onde não mais podia ser afetado pela “consciência da massa”, ou leis mentais e materiais. O comportamento dos governos, a segurança do mundo, o clima, as flutuações econômicas, os alimentos, as crenças reinantes, os eventos todos — nada disso já o podia afetar. Ele havia atingido tal alto nível de consciência que lá só podiam funcionar as leis espirituais.

Os primeiros passos para o alcance desse elevado estado de consciência são:

a) o reconhecimento da Presença interna;
b) o reconhecimento de que esse Espírito interno é o único poder, a única Lei e a única Realidade.


Desde manhã, através do dia, até à noite, somos bombardeados pelas crenças mundanas em poderes materiais, mentais e legais. Devemos estar alertas para não nos deixarmos afetar por elas. Cada um de nós deve conquistar algum grau de reconhecimento de que o único poder real é o espiritual: a Lei, a Vida espiritual, onipresente. As leis materiais e mentais não têm poder – a não ser o poder que lhes damos quando nelas acreditamos. Eis a Verdade que liberta o homem das restrições deste mundo. Este é o principio básico; a serena e firme convicção a que devemos chegar:


"o poder espiritual é a única realidade!"

Deste modo podemos começar a compreender, ainda que em pequena medida, o que disse o Mestre: “Levanta-te, toma o teu leito e anda!” “Estende a tua mão!” Jesus quis dizer: Qual poder poderia existir fora de Deus? Há outro poder que não seja Deus? O erro será um poder? Ou a doença? Ou o dinheiro? Será que existe realmente um poder fora de Deus e de seu amoroso governo?

Gradual e seguramente, também chegaremos àquele ponto em que diremos: “Levanta-te, toma o teu leito e anda!” – porque aquilo que reconhecíamos como poder ou limitação, fora de nós (em virtude de nossas crenças em dois poderes: o bem e o mal) – já não representam poder e nem limitação para nós. Enquanto aceitamos dois poderes, ficamos sujeitos a eles. Logo, o primeiro passo de realização que devemos fortalecer, é de que há somente uma Presença e um Poder internos, que governam nossa vida e circunstanciais. E esse poder é espiritual. Essa Lei é espiritual. Essa atividade é espiritual. Tudo o mais é desprovido de poder, de presença, de continuidade, de causa e de efeito – porque não tem lei que o sustente. A única Lei é Deus e Deus é amor! 
Texto de Joel S. Goldsmith
Fonte: http://busca-espiritual.blogspot.com/2011/07/passos-no-desenvolvimento-da.html 

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Não existe crescimento espiritual


"Destrua o desejo de crescimento"...

Parece absurdo, pois se você destruir todo o desejo de crescimento, que necessidade haverá então de crescer para o divino?

Como alguém poderá então alcançar a verdade, tornar-se iluminado?

De que servirá a meditação e todo este rebuliço?

Precisamos mergulhar profundamente neste sutra.

Destrua o desejo de crescimento. Há dois tipos de crescimento. Um, a respeito do qual você pode fazer algo; e outro, a respeito do qual você nada pode fazer. Para um, seu esforço é necessário; para o outro, a ausência de esforço é necessária. O crescimento espiritual é do segundo tipo. Seu esforço não será de nenhuma ajuda; apenas criará barreiras. Você nada pode fazer quanto ao crescimento espiritual. A única coisa que você pode fazer é entregar-­se, e isso é um não-fazer.

Você pode apenas fazer uma coisa: permitir que o divino aja em seu interior. Pode simplesmente cooperar; isso é tudo. Pode simplemente flutuar, não é necessário nadar - um profundo deixar acontecer. É este o significado de "Destrua o desejo de crescimento..."

Cresça como cresce a flor, inconscientemente, mas ansio­samente desejosa de abrir sua alma ao ar. Assim você também deve compelir sua alma para se abrir ao eterno. Mas é necessário que seja o eterno! Deve ser o eterno quem induz sua força e beleza a se expandirem, não o desejo de crescimento. Pois, no pri­meiro caso, você se desenvolve na exuberância da pureza, e no outro, você se torna insensível pela paixão impetuosa pelo desenvolvimento pessoal. Repetirei: deve ser o eterno quem induz sua força e beleza a se expandirem, não o desejo de crescimento - porque todo desejo é um obstáculo, até mesmo o desejo de alcançar o divino; todo desejo é uma escravidão, mesmo o desejo de ser libertado. O desejo, como tal, é o problema; portanto você não pode desejar o divino. Isso é contra­ditório. Você só pode desejar o mundo, não pode desejar o divino; porque o desejo é o mundo, o desejo é samsara. Você não pode desejar moksha.

Quando você está num estado de não-desejo, moksha acontece a você; quando você está num estado de ausência de desejo, a liberação acontece a você, o divino acontece a você. Permita que o divino gere tudo o que está oculto em você. Não busque o crescimento. Entregue-se, para que o crescimento aconteça. O crescimento ocorrerá, mas não através de seu esforço, e sim, de sua própria graça. Virá por si mesmo."

Texto de OSHO
Fonte: http://busca-espiritual.blogspot.com/2011/08/nao-existe-crescimento-espiritual.html

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

POEMA DA PAZ

 
O dia mais belo? Hoje.
A coisa mais fácil? Equivocar-se.
O obstáculo maior? O medo.
O erro maior? Abandonar-se.

A raiz de todos os males? O egoísmo.
A distração mais bela? O trabalho.
A pior derrota? O desalento.
Os melhores professores? As crianças.

A primeira necessidade? Comunicar-se.
O que mais faz feliz? Ser útil aos demais.
O mistério maior? A morte.
O pior defeito? O mau humor.

A pessoa mais perigosa? A mentirosa.
O sentimento pior? O rancor.
O presente mais belo? O perdão.
O mais imprescindível? O lar.

A estrada mais rápida? O caminho correto.
A sensação mais grata? A paz interior.
O resguardo mais eficaz? O sorriso.
O melhor remédio? O otimismo.

A maior satisfação? O dever cumprido.
A força mais potente do mundo? A fé.
As pessoas mais necessárias? Os pais.
A coisa mais bela de todas? O AMOR.
                   
  Fonte: Madre Tereza de Calcutá

sábado, 20 de agosto de 2011

Estratégia da mente para evitar o agora - parte 2



Onde quer que você esteja, esteja por inteiro

Você pode dar outros exemplos da inconsciência comum?

Observe quando estiver reclamando, com palavras ou pensamentos, de uma situação que envolva você – pode ser alguém que fez ou disse algo que lhe aborreceu, algo sobre a sua situação de vida, o lugar onde mora, ou até mesmo o tempo. Reclamar é sempre uma não aceitação de algo que é. Essa atitude contém invariavelmente uma carga negativa inconsciente. Quando você reclama, transforma-se em vítima. Quando fala, você está no controle. Portanto, mude a situação agindo ou falando, caso necessário ou possível, ou então fuja da situação ou mesmo aceite-a. Tudo o mais é loucura.

A inconsciência comum é sempre relacionada, de algum modo, com a negação do Agora. O Agora, naturalmente, também implica o aqui. Você está resistindo ao aqui e agora? Algumas pessoas prefeririam estar num outro lugar. O “aqui” delas nunca é suficientemente bom. Observe-se e verifique se isso acontece em sua vida. Onde quer que você esteja, esteja lá por inteiro. Se você acha insuportável o seu aqui e agora e isso lhe faz infeliz, há três opções: abandone a situação, mude-a ou aceite-a totalmente. Se você deseja ter responsabilidade sobre a sua vida, deve escolher uma dessas opções e deve fazê-lo agora. Depois, arque com as conseqüências. Sem desculpas. Sem negatividade. Sem poluição física. Mantenha limpo o seu espaço interior.

Se você tomar qualquer atitude, abandonando ou mudando a situação, livre-se primeiro da negatividade. Uma atitude originada no discernimento tem mais efeito do que uma originada na negatividade.

Uma atitude qualquer é muitas vezes melhor do que nenhuma atitude, especialmente se há muito tempo você está paralisado numa situação infeliz. Se for uma atitude errada, ao menos você aprenderá alguma coisa, caso em que deixará de ser um erro. Se você não agir, nada aprenderá. Será que o medo está evitando que você tome uma atitude? Admita o medo, observe-o, concentre-se nele, esteja totalmente presente. Isso corta a ligação entre o medo e o pensamento. Não deixe o medo nascer em sua mente. Use o poder do Agora. O medo não pode prevalecer sobre ele.

Se não há mesmo nada a fazer e você não pode mudar a situação, então aceite o aqui e agora totalmente, abandonando toda a resistência interior. O falso e infeliz eu interior, que adora sentir-se miserável, ressentido ou com pena de si mesmo, não consegue mais sobreviver. Isso se chama rendição. A rendição não é uma fraqueza. Há uma grande força nela. Somente alguém que se rendeu tem poder espiritual. Através da rendição, você se livrará da situação internamente. É possível que você perceba uma mudança na situação sem que tenham sido necessários maiores esforços da sua parte. De qualquer forma, você está livre.

Ou haverá algo que você “deveria” estar fazendo mas não está? Levante-se e faça agora. Ou, em vez disso, aceite totalmente a sua inatividade, preguiça ou passividade neste momento, se esta é a sua escolha. Mergulhe nela por inteiro. Desfrute-a. Seja tão preguiçoso ou inativo quanto puder. Se você fizer isso conscientemente, logo sairá dela. Ou talvez não. Em qualquer dos casos, não há nenhum conflito interior, nenhuma resistência, nenhuma negatividade.

Você está sofrendo de estresse? Pensa tanto no futuro que o presente está reduzido a um meio para chegar lá? O estresse é causado pelo estar “aqui” embora se deseje estar “lá”, ou por se estar no presente desejando estar no futuro. É uma divisão que corta a pessoa por dentro. Criar e viver com essa divisão é insano. O fato de que todas as pessoas estão agindo assim não torna ninguém menos insano. Se você não pode fugir disso, tem de se movimentar rápido, trabalhar rápido, ou até mesmo correr, sem se projetar no futuro e sem resistir ao presente. Quando se movimentar, trabalhar e correr, faça tudo por inteiro. Desfrute o fluxo de energia, a alta energia desse momento. Agora não há mais estresse, não há mais divisão por dois, apenas o movimento, a corrida, o trabalho. Desfrute essas atitudes. Ou você também pode abandonar tudo e se sentar num banco do parque. Mas, ao fazê-lo, observe a sua mente. Pode ser que ela diga: “Você devia estar trabalhando. Está perdendo o seu tempo”. Observe a mente. Sorria para ela.

O passado toma uma grande parte da sua atenção? Você freqüentemente fala e pensa sobre ele, tanto de forma positiva quanto negativa? As grandes coisas que você conquistou, suas experiências e aventuras, ou as coisas horrorosas que lhe aconteceram, ou talvez que você fez a alguém? Será que seus pensamentos estão gerando culpa, orgulho, ressentimento, raiva, arrependimento ou autopiedade? Então, você está não só dando mais força ao falso eu interior, como também ajudando a acelerar o processo de envelhecimento do seu corpo através da criação de um acúmulo de passado na sua psique. Constate isso observando à sua volta aquelas pessoas que têm uma forte tendência para se apegar ao passado.

Morra para o passado a cada instante. Você não precisa dele. Refira-se a ele apenas quando totalmente relevante para o presente. Sinta o poder do momento presente e a plenitude do Ser. Sinta a sua presença.

Você tem preocupações? Tem muitos pensamentos do tipo “e se”? Você está identificado com a mente, que está se projetando num futuro imaginário e criando o medo. Não há como enfrentar tal tipo de situação, porque ela não existe. É um fantasma mental. Você pode parar com essa insanidade que corrói a saúde e a vida aceitando simplesmente o momento presente. Perceba a sua respiração. Sinta o ar entrando e saindo do seu corpo. Sinta o seu campo interno de energia. Tudo com o que você sempre teve que lidar, tudo que teve de enfrentar na vida real, em oposição às projeções imaginárias da mente, é o momento presente. Pergunte-se qual é o seu problema neste exato momento, não no ano que vem, ou amanhã ou daqui a cinco minutos. O que está errado neste exato momento? Você pode sempre enfrentar o Agora, mas não pode jamais enfrentar o futuro, nem tem de fazer isso. A resposta, a força, a atitude certa estarão à sua disposição quando você precisar, nem antes, nem depois.

“Algum dia vou fazer isso”. Seu objetivo está tomando de tal modo a sua atenção que o momento presente é apenas um meio para atingir um fim? Está consumindo a alegria das coisas que você faz? Você está esperando para começar a viver? Se você desenvolver esse tipo de padrão mental, não importa o que você adquira ou alcance, o presente nunca será bom o bastante. O futuro sempre parecerá melhor. Uma receita perfeita para uma insatisfação permanente, você não acha?

Você está sempre “esperando” alguma coisa? Quanto tempo da sua vida você passou esperando? Chamo “espera de pequena escala” à espera na fila do correio, num engarrafamento de automóveis, no aeroporto, por alguém que vai chegar, um trabalho que precisa ser terminado, etc. Chamo de “espera em grande escala” à espera pelas próximas férias, por um emprego melhor, pelos filhos crescerem, por uma relação verdadeiramente significativa, pelo sucesso, para ficar rico, para ser importante, para se tornar iluminado. Não é raro que as pessoas passem a vida toda esperando para começar a viver.

Esperar é um estado mental. Significa basicamente desejar o futuro e não querer o presente. Você não quer o que conseguiu e deseja aquilo que não conseguiu. Em qualquer dos tipos de espera você, inconscientemente, cria um conflito interior entre o seu aqui e agora, onde você não quer estar, e o futuro projetado, onde você quer estar. Essa situação reduz grandemente a qualidade da sua vida ao fazer você perder o presente.

Não há nada de errado em nos empenharmos para melhorar a nossa situação de vida. Podemos melhorar a situação da nossa vida, mas não podemos melhorar a nossa vida. A vida é básica.

A vida é o Ser interior mais profundo. É um todo, completo, perfeito. A nossa situação de vida se constitui das nossas circunstâncias e experiências. Não há nada de errado em estabelecermos metas e nos empenharmos para conseguir bens. O erro reside em usar isso como um substituto para o sentimento da vida, para o Ser. O único ponto de acesso a isso é o Agora. Agimos, assim, como um arquiteto que não dá atenção às fundações de uma construção, mas que gasta um bom tempo trabalhando na superestrutura.

Por exemplo. Muitos de nós estamos à espera da prosperidade. Ela pode não acontecer no futuro. Quando respeitamos, admitimos e aceitamos completamente a realidade do presente – onde estamos, quem somos, o que estamos fazendo agora –, quando aceitamos o que temos, significa que estamos agradecidos pelo que conseguimos, pelo que é, pelo Ser. A gratidão pelo momento presente e pela plenitude da vida atual é a verdadeira prosperidade. Não está no futuro. Então, no tempo certo, essa prosperidade se manifesta para nós de várias maneiras.

Se você não encontra satisfação nas coisas que possui, se tem um sentimento de frustração ou de aborrecimento por não ter tudo o que quer no presente, isso pode levá-lo a querer enriquecer, mas, mesmo que consiga milhões, continuará a ter uma sensação de que falta alguma coisa. Talvez o dinheiro lhe compre muitas experiências excitantes, embora passageiras, deixando sempre uma sensação de vazio e estimulando uma necessidade de gratificação física ou psicológica ainda maior. Você não vai se conformar em simplesmente Ser e, assim, sentir a plenitude da vida agora – a verdadeira prosperidade.

Portanto, desista da espera como um estado da mente. Quando você se vir escorregando para a espera... pule fora. Venha para o momento presente. Apenas seja e aprecie ser. Quando estamos presentes, nunca precisamos esperar por nada. Portanto, da próxima vez que alguém disser “desculpe por ter feito você esperar”, sua resposta pode ser: “Está tudo bem, não estava esperando. Estava aqui contente comigo, com meu eu interior”.

Essas são apenas algumas das estratégias comuns da mente para negar o momento presente já incorporadas à inconsciência comum. São fáceis de passar despercebidas porque já estão entranhadas em nosso modo de vida, como o ruído de fundo do nosso eterno descontentamento. Mas, quanto mais você praticar o monitoramento do seu estado interior emocional e mental, mais fácil será perceber em que momento você foi capturado pelo passado e pelo futuro, bem como despertar da ilusão do tempo dentro do presente. Mas tenha cuidado porque o eu interior falso e infeliz, baseado na identificação com a mente, vive no tempo. Ele sabe que o presente significa sua própria morte e sente-se ameaçado. Fará tudo para afastar você do Agora. Tentará manter você preso ao tempo.


O propósito interno da nossa jornada de vida

Posso perceber a verdade do que você está dizendo, mas ainda acho que devíamos ter um propósito em nossa jornada, do contrário, ficamos sem rumo. Propósito significa futuro, não significa? Como conciliar isso com o viver no presente?

Ao partir numa jornada, é claro que ajuda muito sabermos para onde vamos ou, ao menos, a direção geral que estamos tomando. Entretanto, não podemos esquecer de que a única coisa real sobre a nossa jornada é o passo que estamos dando neste exato momento. Isso é tudo o que existe.

Nossa jornada de vida tem um propósito externo e um interno. O propósito externo é o de alcançarmos o objetivo ou destino, realizarmos o que estabelecemos cumprir, adquirirmos uma coisa ou outra, o que, é claro, envolve o futuro. Mas, se o destino ou os passos que vamos dar no futuro tomam tanto nossa atenção que se tornam mais importantes do que o passo que estamos dando agora, significa que perdemos completamente o propósito interno da vida, que não tem nada a ver com aonde estamos indo ou com o que estamos fazendo, mas tudo a ver com o de que modo. Esse propósito interno não está relacionado com o futuro e sim com a qualidade da nossa consciência no momento presente. O propósito externo pertence à dimensão horizontal de tempo e espaço enquanto o interno diz respeito ao aprofundamento do Ser na dimensão vertical do eterno Agora. Nossa jornada externa pode conter um milhão de passos enquanto a jornada interna só tem um, que é o passo que estamos dando neste exato momento. Quando tomamos maior consciência desse passo, percebemos que ele já contém dentro de si todos os outros passos, assim como o nosso destino. Esse único passo se vê transformado em uma expressão da perfeição, um ato de grande beleza e qualidade. Ele terá nos levado para dentro do Ser e a luz do Ser brilhará através dele. Este é tanto o propósito quanto à realização da nossa jornada interior: a jornada para dentro de nós mesmos.

Faz diferença se alcançamos nosso propósito externo, se somos bem-sucedidos ou se fracassamos?

Faz diferença se você não tiver alcançado seu propósito interno. Depois disso, o propósito externo é só um jogo que você pode apreciar e querer continuar jogando. Pode acontecer também de você falhar em seu propósito externo e, ao mesmo tempo, ter pleno sucesso em seu propósito interno. Ou de outra forma até mais comum, pode obter riqueza externa e pobreza interna, ou “ganhar o mundo e perder a alma”, nas palavras de Jesus. Claro que, no fim, cada propósito externo está condenado a “fracassar” mais cedo ou mais tarde, simplesmente porque está sujeito à lei da não permanência de todas as coisas. Quanto mais cedo você perceber que o propósito externo não pode lhe proporcionar uma satisfação duradoura, melhor. Depois de ter constatado as limitações do seu propósito externo, você desiste da expectativa irreal de que ele deveria fazer a sua felicidade e torna-o subserviente ao seu propósito interno.


O passado não consegue sobreviver diante da presença

Você disse que pensar ou falar sobre o passado é um dos caminhos pelos quais evitamos o presente. Mas, além do passado do qual nos lembramos e com que talvez nos identifiquemos, não existe um outro nível de passado dentro de nós mais enraizado? Falo sobre o passado inconsciente, que condiciona nossas vidas, em especial as experiências dos primeiros anos da infância, até mesmo as experiências de vida passada. Existem também os condicionamentos culturais, tão relacionados ao lugar e ao período histórico em que vivemos. Todas essas coisas determinam o modo como vemos o mundo, o que pensamos, que tipo de relacionamentos mantemos, como vivemos. Como poderíamos nos livrar disso tudo? Quanto tempo isso levaria? E se conseguíssemos, o que restaria?

O que resta quando terminam as ilusões? Não há necessidade de investigar o nosso passado inconsciente, exceto à medida que ele for se manifestando no presente, na forma de um pensamento, de uma emoção, de um desejo, de uma reação ou de algo externo que nos aconteça. Uma eventual curiosidade quanto ao passado inconsciente poderá ser satisfeita através dos desafios do presente. Quanto mais penetramos no passado, mais ele se torna um buraco sem fundo. Haverá sempre alguma coisa a mais. Você pode pensar que precisa de mais tempo para entender o passado ou se livrar dele ou, em outras palavras, que o futuro irá finalmente livrá-lo do passado. Isso é ilusão. Só o presente pode nos livrar do passado. Uma quantidade maior de tempo não consegue nos livrar do tempo. Acesse o poder do Agora. Essa é a chave.

O que é o poder do Agora?

Nada mais do que o poder da sua presença, da sua consciência libertada das formas de pensamento.

Portanto, lide com o passado no nível do presente. Quanto mais atenção você der ao passado, mais energia estará dando a ele e mais probabilidades terá de construir um eu interior baseado nele. Não confunda as coisas. A atenção é essencial, mas não em relação ao passado como passado. Dê atenção ao presente. Dê atenção ao seu comportamento, às suas reações, seu humor, seus pensamentos, suas emoções, medos e desejos, da forma como eles acontecem no presente. Ali está o seu passado. Se você consegue estar presente o bastante para observar todas essas coisas, não de modo crítico ou analítico, mas sem julgamentos, significa que você está lidando com o passado e dissolvendo-o através do poder da sua presença. Não é procurando no passado que você vai se encontrar. Você vai se encontrar estando no presente.

O passado não pode ser útil para nos ajudar a compreender por que fazemos certas coisas, reagimos de determinadas maneiras, ou por que, inconscientemente, criamos nossos dramas particulares?

Quando ficamos mais conscientes do presente, podemos ter um insight sobre o porquê de determinados condicionamentos. Podemos perceber, por exemplo, se seguimos algum padrão nos nossos relacionamentos e podemos ver mais claramente coisas que aconteceram no passado. Fazer isso é bom e pode ser útil, mas não é essencial. O que é essencial é a nossa presença consciente. Ela dissolve o passado. Ela é o agente transformador. Portanto, não procure entender o passado, mas esteja presente tanto quanto conseguir. O passado não consegue sobreviver diante da sua presença, só na sua ausência.

Fonte Eckhart Tolle 
 

Estratégia da mente para evitar o agora



A perda do agora: a ilusão central

Mesmo que eu aceite que o tempo é uma ilusão, que diferença isso fará na minha vida? Tenho que continuar a viver em um mundo absolutamente dominado pelo tempo.

O entendimento intelectual é apenas mais uma crença e não vai fazer muita diferença para a nossa vida. Para perceber essa verdade temos que vivenciá-la. Quando cada célula do nosso corpo está tão presente que vibra com a vida, e quando conseguimos sentir essa vida a cada momento como a alegria do Ser, podemos dizer que estamos livres do tempo.


Mas ainda tenho de pagar as contas e sei que vou envelhecer e morrer, exatamente como todas as pessoas. Como posso dizer que estou livre do tempo?

As contas de amanhã não são um problema. A degeneração do corpo não é um problema. A perda do Agora é o problema, ou melhor, a ilusão central que transforma uma situação simples, um acontecimento ou uma emoção em um problema pessoal e em sofrimento. Perder o Agora é perder o Ser.

Livrar-se do tempo é livrar-se da necessidade psicológica tanto do passado quanto do futuro. Isso representa a mais profunda transformação de consciência que você possa imaginar. Em casos muito raros, essa mudança na consciência acontece de forma drástica e radical, de uma vez por todas. Quando isso acontece, normalmente é através de uma completa rendição, em meio a um sofrimento intenso. Muitas pessoas, entretanto, têm de trabalhar para obtê-la.

Depois dos primeiros vislumbres do estado atemporal de consciência, passamos a viver em um vaivém entre a dimensão do tempo e a presença. Primeiro, você começa a perceber que a sua atenção raramente está no Agora. Entretanto, saber que você não está presente já é um grande sucesso. O simples saber já é presença – mesmo que, no início, dure só alguns segundos no tempo do relógio antes de desaparecer outra vez. Depois, com uma freqüência cada vez maior, você escolhe dirigir o foco da consciência para o momento presente. Você se torna capaz de ficar presente por períodos mais longos. Portanto, antes que sejamos capazes de nos estabelecer com firmeza no estado de presença, oscilamos, periodicamente, de um lado para o outro, entre a consciência e a inconsciência, entre o estado de presença e o estado de identificação com a mente. Perdemos o Agora várias vezes, mas retornamos a ele. Por fim, a presença se torna o estado predominante.

A maioria das pessoas nunca vivencia a presença. Ela acontece apenas de modo breve e acidental, em raras ocasiões, sem ser reconhecida pelo que é. Muitos seres humanos não se alternam entre a consciência e a inconsciência, mas somente entre diferentes níveis de inconsciência.


A inconsciência comum e a inconsciência profunda

O que você quer dizer com diferentes níveis de inconsciência?

Como você provavelmente sabe, o ser humano se desloca constantemente entre fases do sono em que sonha e que não sonha. Da mesma forma, a maioria das pessoas, quando acordada, se alterna entre a inconsciência comum e a inconsciência profunda. Chamo de inconsciência comum essa identificação com os nossos processos de pensamentos e emoções, nossas reações, desejos e aversões. É o estado normal da maioria das pessoas. Nesse estado, somos governados pela mente e não temos consciência do Ser. Não se trata de um estado de sofrimento agudo ou de infelicidade, mas de um nível baixo e contínuo de desconforto, descontentamento, enfado ou nervosismo, como uma espécie de estática ao fundo. Talvez você não perceba muito bem essa situação porque ela já faz parte da nossa vida “normal”, da mesma forma que você não percebe um barulho contínuo ao fundo, como o zumbido do ar-condicionado, até ele parar. Quando isso acontece de repente, ocorre uma sensação de alívio. Muitas pessoas usam a bebida, as drogas, o sexo, a comida, o trabalho, a televisão, ou até mesmo o ato de fazer compras como anestésicos, em uma tentativa inconsciente para acabar com esse desconforto básico. Quando isso acontece, uma atividade que poderia ser muito agradável, se feita com moderação, passa a ter um componente de compulsão ou dependência, e tudo o que se obtém sob essa influência traz uma sensação de alívio por um período extremamente curto.

A sensação de desconforto da inconsciência comum se transforma no sofrimento da inconsciência profunda, ou seja, um estado de sofrimento ou infelicidade mais agudo e mais perceptível quando as coisas “vão mal”, quando o ego é ameaçado ou quando existe um desafio maior, tal como uma perda real ou imaginária em nossa situação de vida, ou um conflito numa relação. A inconsciência profunda é uma versão ampliada da inconsciência comum, da qual difere na intensidade, mas não na espécie.

Na inconsciência comum, uma resistência habitual ou uma negação daquilo que é cria um desconforto que a maioria das pessoas aceita como algo normal. Quando essa resistência se intensifica através de algum desafio ou ameaça ao ego, faz aflorar uma negatividade intensa que se manifesta sob a forma de raiva, medo profundo, agressão, depressão, etc. A inconsciência profunda significa, com freqüência, que o sofrimento começou e que você passou a se identificar com ele. A violência física não aconteceria sem o estado de inconsciência profunda. Ela pode explodir com facilidade quando as pessoas geram um campo coletivo de energia negativa.

O melhor indicador do nível de consciência é a maneira como você lida com os desafios da vida. É através desses desafios que uma pessoa já inconsciente tende a se tornar mais profundamente inconsciente, e uma pessoa consciente a se tornar mais intensamente consciente. Podemos nos valer de um desafio para nos acordar ou para permitir que ele nos empurre para um sono ainda mais profundo. O sonho no nível da inconsciência comum se transforma, então, em pesadelo.

Se você não consegue estar presente mesmo em situações normais, como, por exemplo, quando está sozinho em uma sala, caminhando no campo ou ouvindo alguém, certamente não será capaz de permanecer consciente quando alguma coisa “vai mal”. Será dominado por uma reação, que é sempre, em última análise, alguma forma de medo, e empurrado para uma inconsciência profunda. Esses desafios são os seus testes. Só o modo como você lida com eles lhe mostrará onde você está no que se refere ao seu estado de consciência, e não a quantidade de horas que você consegue ficar sentado com os olhos fechados.

Portanto, é fundamental colocar mais consciência em sua vida durante as situações comuns, quando tudo está correndo de modo relativamente tranqüilo. É assim que se aumenta o poder de presença. Ele gera um campo energético de alta freqüência vibracional em você e ao seu redor. Nenhuma inconsciência, nenhuma negatividade, nenhuma discórdia ou violência pode penetrar nesse campo e sobreviver, do mesmo modo que a escuridão não consegue sobreviver na presença da luz.


O que eles estão buscando?

Carl Jung relata, em um de seus livros, uma conversa mantida com um chefe indígena norte-americano para quem a maioria das pessoas brancas tinha rostos tensos, olhos espantados e um ar cruel. O chefe disse: “Estão sempre buscando alguma coisa. O que eles estão procurando? Os brancos sempre querem alguma coisa. Estão sempre agitados e descontentes. Não sabemos o que desejam. Achamos que são loucos”.

Não há dúvidas de que a tendência a uma permanente sensação de desconforto começou muito antes do surgimento da civilização industrial ocidental, mas foi na civilização ocidental, que hoje cobre quase todo o planeta, inclusive grande parte do Leste, que ela se manifestou de uma forma aguda sem precedentes. Ela já estava presente no tempo de Jesus e também seiscentos anos antes, no tempo de Buda, e muito antes desse tempo. “Por que vocês estão sempre ansiosos?”, Jesus perguntou aos discípulos. “Será que os seus pensamentos ansiosos podem acrescentar um simples dia às vossas vidas?” Da mesma forma, Buda ensinou que a raiz do sofrimento pode ser encontrada em nossos desejos e ansiedades permanentes.

A resistência ao Agora como uma disfunção básica coletiva está intimamente ligada à perda da consciência do Ser e forma a base da nossa civilização industrial desumanizada. Freud também reconheceu a existência dessa tendência para o desconforto e escreveu sobre o assunto em seu livro O Mal-Estar na Civilização, mas não admitiu a verdadeira raiz da inquietação e falhou em perceber que é possível libertar-se dela. Essa disfunção coletiva criou uma civilização muito infeliz e extraordinariamente violenta, que se tornou uma ameaça não só para si mesma, mas para toda a vida do planeta.


Dissolvendo a inconsciência comum

Como podemos nos livrar desse desconforto?

Torne-o consciente. Observe as muitas maneiras pelas quais o desconforto, o descontentamento e a tensão surgem dentro de você, através de julgamentos desnecessários, resistência àquilo que é e negação do Agora. Qualquer coisa inconsciente se dissolve quando a luz da consciência brilha sobre ela. Se soubermos como dissolver a inconsciência comum, a luz da nossa presença irá brilhar intensamente e será muito mais fácil lidarmos com a inconsciência profunda. Mas, no início, talvez não seja muito fácil detectar a inconsciência comum porque a consideramos uma coisa normal.

Habitue-se a monitorar o seu estado mental e emocional através de uma auto-observação. “Estou me sentindo à vontade nesse momento?” é uma pergunta que você deve se fazer com freqüência. Ou pode se questionar: “O que está acontecendo dentro de mim neste exato momento?” Mantenha o mesmo nível de interesse pelo que vai tanto no seu interior quanto no exterior. Se você captar corretamente o interior, o exterior se encaixará no lugar. A realidade principal está no interior, a realidade externa é secundária. Mas não responda logo a essas questões. Direcione a sua atenção para o interior. Olhe para dentro de você. Que tipo de pensamentos a sua mente está produzindo? O que você sente? Dirija a atenção para o seu corpo. Existe alguma tensão? Quando você perceber um certo desconforto, um ruído estático ao fundo, verifique que caminhos você está usando para evitar, resistir ou negar a vida, o Agora. Existem muitos caminhos pelos quais resistimos, inconscientemente, ao momento presente. Vou dar alguns exemplos. Com a prática, o seu poder de auto-observação, de monitorar o seu estado interior, se tornará mais aguçado.


Libertando-se da infelicidade

Você não está satisfeito com as atividades que desempenha? Talvez não goste de seu trabalho ou tenha se aborrecido por ter concordado em fazer alguma coisa, embora parte de você não goste e ofereça resistência. Tem algum ressentimento oculto em relação a alguém próximo a você? Percebe que a energia que você desprende por conta disso tem efeitos tão prejudiciais que você está contaminando a si mesmo e aos que estão ao seu redor? Dê uma boa olhada dentro de você. Existe algum leve traço de ressentimento ou má vontade? Se existe, observe-o, tanto no nível mental quanto no emocional. Que tipos de pensamento a sua mente está criando em torno dessa situação? Depois, observe a sua emoção, que é a reação do corpo a esses pensamentos. Sinta a emoção. Ela lhe parece agradável ou não? É uma energia que você escolheria para ter dentro de você? Você tem escolha?

Talvez a atividade seja tediosa, ou alguém próximo a você seja desonesto, irritante ou inconsciente, mas tudo isso é irrelevante. Não faz a menor diferença se os seus pensamentos e emoções a respeito da situação tenham ou não uma justificativa. O fato é que você está resistindo ao que é. Está transformando o momento atual num inimigo. Está criando infelicidade, um conflito entre o interior e o exterior. A sua infelicidade está poluindo não só o seu próprio ser interior e daqueles à sua volta, como também a psique coletiva humana, da qual você é uma parte inseparável. A poluição do planeta é apenas um reflexo externo de uma poluição interior psíquica gerada por milhões de indivíduos inconscientes, sem a menor responsabilidade pelos espaços que trazem dentro de si.

Você pode parar de executar a tarefa que está lhe causando insatisfação, falar com a pessoa envolvida e expressar todos os seus sentimentos, ou livrar-se da negatividade que a sua mente criou em volta da situação e que não serve a nenhum propósito, exceto o de fortalecer um falso sentido do eu interior. É importante reconhecer essa inutilidade. A negatividade nunca é o melhor caminho para lidar com qualquer situação. Na verdade, na maior parte dos casos, ela nos paralisa, bloqueando qualquer mudança verdadeira. Qualquer coisa feita com uma energia negativa será contaminada por ela e dará origem a mais sofrimento. Além disso, qualquer estado interior negativo é contagioso, pois a infelicidade se espalha mais rapidamente do que uma doença física. Pela lei da ressonância, ela detona e alimenta a negatividade latente nos outros, a menos que sejam imunes, quer dizer, altamente conscientes.

Você está poluindo o mundo ou limpando a sujeira? Você é responsável pelo seu espaço interior, da mesma forma que é responsável pelo planeta. Assim no interior, assim no exterior: se os seres humanos limparem a poluição interior, deixarão então de criar a poluição externa.


 
Como podemos nos livrar da negatividade?

Descartando-a. Como nos livramos de um pedaço de carvão em brasa que está em nossas mãos? Como nos livramos de uma bagagem pesada e inútil que estamos carregando? Reconhecendo que não desejamos mais sofrer nem carregar peso, e deixando-os de lado.

A inconsciência profunda, como o sofrimento físico ou outro sofrimento profundo, como, por exemplo, a perda de uma pessoa amada, quase sempre necessita ser transformada através da aceitação combinada com a luz da presença, ou seja, através de uma atenção constante. Por outro lado, muitos padrões da inconsciência comum podem ser simplesmente descartados ao percebermos que não os queremos mais ou que não precisamos mais deles, que temos uma escolha e que não somos só um feixe de reflexos condicionados. Tudo isso indica que somos capazes de acessar o poder do Agora. Sem ele, não temos escolha.


 
Ao chamar algumas emoções de negativas, será que você não está criando uma polaridade mental de bom e mau, como mencionou anteriormente?

Não. A polaridade foi criada num estágio anterior, quando sua mente julgou o momento presente como mau. Foi esse julgamento que criou a emoção negativa.


 
Mas ao chamar algumas emoções de negativas, você não está querendo dizer que elas não deveriam estar ali, que não está certo ter essas emoções? Entendo que deveríamos nos permitir ter qualquer tipo de sentimento, sem julgar se ele é bom ou mau. Não há nada demais em estar com raiva, de mau humor, ou seja lá o que for, do contrário, nos sentiremos reprimidos, em conflito interior ou rejeitados. As coisas estão bem do jeito que são.

Sem dúvida. Quando um padrão mental, uma emoção ou uma reação forem observados, aceite-os. Você não está consciente o bastante para ter uma escolha em relação a esse assunto. Não se trata de um julgamento, apenas de um fato. Se você tivesse uma escolha, ou percebesse que, de fato, tem uma escolha, escolheria o sofrimento ou a alegria, o conforto ou o desconforto, a paz ou o conflito? Escolheria um pensamento ou um sentimento que separasse você do seu estado natural de bem-estar, da alegria da vida interior? Chamo de negativo a qualquer sentimento dessa natureza, o que significa simplesmente mau. Não no sentido de “você não deveria ter feito isso”, mas simplesmente o mau no sentido concreto, como sentir dor de estômago. Como é possível que os seres humanos tenham assassinado mais de 100 milhões de seus semelhantes apenas no século vinte? Pessoas infligindo um sofrimento de tal magnitude umas às outras está além de qualquer coisa que você possa imaginar. E isso sem considerar a violência física, mental e emocional, a tortura, o sofrimento e a crueldade que os homens continuam a infligir uns aos outros, bem como a outros seres vivos.

Será que agem assim em seu estado natural, em contato com a alegria da vida dentro deles? Claro que não. Somente aqueles que vivem num estado profundamente negativo, que se sentem de fato muito mal, poderiam ver tal realidade como um reflexo do modo como se sentem. No momento, essas pessoas estão empenhadas em destruir a natureza e o planeta que nos sustenta. Isso é inacreditável, mas é verdadeiro. O homem é uma espécie perigosamente insana e doente. Isso não é um julgamento, é um fato. É também um fato que a sanidade está lá, por baixo da loucura. A cura e a redenção estão disponíveis neste exato momento.

É verdade que, quando aceita seu ressentimento, o mau humor, a raiva, etc., você não sente mais necessidade de manifestá-los de maneira cega e tem menos chance de projetá-los sobre os outros. Mas eu me pergunto se você não está se iludindo. Quando uma pessoa vem praticando a aceitação por um tempo, como é o seu caso, chega um ponto em que precisa passar para o estágio seguinte, onde essas emoções negativas não são mais criadas. Se você não passa, a “aceitação” se torna apenas um rótulo mental que permite ao seu ego continuar a ser tolerante com a tristeza e, dessa forma, fortalecer o sentimento de separação das outras pessoas, do seu ambiente, do seu aqui e agora. Como você bem sabe, a separação é a base do sentido de identidade do ego. A aceitação verdadeira poderia transformar tudo de uma vez por todas. E se sabe, bem lá no fundo, que tudo “está bem” como você diz, será que esses pensamentos negativos viriam em primeiro lugar? Se não houver julgamento nem resistência ao que é, eles nem surgiriam. A sua mente diz que “tudo está bem”, mas no fundo você não acredita nisso, e assim os velhos padrões de resistência mental e emocional ainda estão ali. É isso o que nos faz mal.


 
Isso também não tem importância.

Você está defendendo o seu direito de ser inconsciente, o seu desejo de sofrer? Não se preocupe, pois ninguém vai lhe tirar esse direito. Ao perceber que um determinado tipo de alimento lhe faz mal, você continuaria a comer aquele alimento e insistiria em afirmar que não se importa em passar mal?

Fonte: Eckhart Tolle