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quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Despertar

Uma das coisas mais importantes que terá que entender do homem é que o homem está dormido. Mesmo que acredita que está acordado, não o está. Sua estado de vigília é muito frágil; sua estado de vigília é tão insignificante que carece por completo de importância. Sua vigília é só uma bonita palavra, mas totalmente vazia.

A gente dorme de noite, dorme de dia... do nascimento até a morte, a gente vai trocando suas pautas de sonho; mas nunca chega a despertar de verdade. Só porque tenha aberto os olhos, não engane a ti mesmo pensando que está acordado. A menos que lhe abram os olhos interiores, a menos que seu interior se encha de luz, a menos que possa ver-te a ti mesmo, ver quem é... não cria que está acordado. Essa é a maior ilusão em que vive o homem. E se alguém se convence de que está verdadeiramente acordado, então já não tem sentido fazer nenhum esforço por despertar.

O primeiro que deve te gravar bem no coração é que está dormido, completamente dormido. Está sonhando, um dia atrás de outro. Às vezes sonha com os olhos abertos e outras vezes com os olhos fechados, mas está sonhando... você mesmo é um sonho. Ainda não é uma realidade.

É obvio, algo que faça em um sonho carece de sentido. Algo que pense é insustancial; algo que projete seguirá formando parte de seus sonhos e nunca te permitirá ver a realidade. Por isso todos os budas insistiram em uma única coisa: Acorda! Continuamente, ao longo dos séculos, tudo seus ensinos se podem resumir em uma só frase: deve despertar. E para isso idealizaram métodos, estratégias, criaram
contextos e espaços e campos de energia nos que um choque te pode fazer despertar.

Sim, a menos que sofra um choque que te sacuda de acima a abaixo, não despertará. O sonho durou tanto que chegou ao centro mesmo de seu ser. Cada célula de seu corpo e cada fibra de sua mente se encheram de sonho. Não é um fenômeno de pouca subida. Por isso se necessita um grande esforço para manter-se alerta, atento, vigilante. Para converter-se em uma testemunha.

Se houver uma questão em que estão de acordo todos os budas do mundo, é esta: Que o homem, tal como é, está dormido e deveria despertar. O despertar é o objetivo e o despertar é a essência de todos seus ensinos. Zaratustra, Lao Tzu, Jesus, Buda, Bahauddin, Kabir, Nanak... todos os acordados ensinaram uma única lição.

Em diferentes idiomas, com diferentes metáforas, mas sua canção é a mesma. Assim como o mar tem um sabor salgado, já se prove pelo norte ou pelo sul, pelo leste ou pelo oeste, o sabor da condição búdica é o estado de vigília.

Mas se segue acreditando que já está acordado, não fará nenhum esforço.

Parecerá-te que não tem sentido fazer esforço algum. Para que incomodar-se?

E criastes religiões, deuses, orações, ritos, tirados dos sonhos. Seus deuses são parte de seus sonhos, como todo o resto. Sua política é parte de seus sonhos, suas religiões são parte de seus sonhos, sua poesia, sua pintura, sua arte... tudo o que fazem. Como estão dormidos, fazem coisas segundo seu estado mental.

Seus deuses não podem ser diferentes de vós. Quem os vai criar? Quem lhes dará corpo, forma e cor? Vós os criam, vós os esculpem; têm olhos como os seus, narizes como as suas... e mente como as suas!

O Deus do Antigo Testamento diz: - Sou um Deus muito ciumento.

Vamos ver: quem criou este Deus tão ciumento? Deus não pode ser ciumento, e se Deus é ciumento, então o que tem de mau ser ciumento? Se até Deus é ciumento, por que você teria que pensar que está fazendo algo mau quando sente ciúmes? O ciúmes é algo divino!

O Deus do Antigo Testamento diz: - Sou um Deus muito colérico. Se não cumprir meus mandamentos, destruirei-lhes. Jogarei-lhes no fogo do inferno por toda a eternidade. E como sou ciumento, segue dizendo Deus, não devem adorar a ninguém mais. 

Quem criou semelhante Deus? Esta imagem teve que criar-se a partir de nosso próprio ciúmes, de nossa própria cólera. É uma projeção, nossa sombra. Um eco do homem e de ninguém mais. E o mesmo se pode dizer de todos os deuses de todas as religiões.

Por isso Buda nunca falava de Deus. Que sentido tem lhe falar de Deus a gente que está dormida? Escutarão em sonhos. Sonharão com o que lhes diga e criarão seus próprios deuses que serão completamente falsos, completamente absurdos. É melhor prescindir de tais deuses.

Por isso a Buda não interessa falar de deuses. O único que lhe interessa é despertar.

Diz-se que um professor budista iluminado estava sentado uma tarde à beira de um rio, desfrutando de do som da água, do som do vento que passava através das folhas. Lhe aproximou um homem e lhe perguntou:

-Pode me dizer em uma só palavra a essência de sua religião?

O professor permaneceu calado, em silêncio absoluto, como se não tivesse ouvido a pergunta. O homem insistiu:

-Está surdo ou o quê?

O professor disse:

-Ouvi sua pergunta e a respondi. O silêncio é a resposta. permaneci em silêncio. Essa pausa, esse intervalo, era minha resposta.

O homem disse:

-Não posso entender uma resposta tão misteriosa. Não pode ser um pouco mais claro?

Então o professor escreveu na areia com o dedo a palavra Meditação em letras pequenas.

-Isso posso lê-lo -disse o homem-. Isto é algo melhor que o do princípio. Ao menos tenho uma palavra sobre a que refletir. Mas não pode dizê-lo um pouco mais claro?

O professor voltou a escrever MEDITAÇÃO, mas esta vez em letras maiores.

O homem se sentia um pouco incômodo, desconcertado, ofendido, irritado.

-Outra vez escreve meditação? Não me pode dizer isso mais claro?

E o professor escreveu em letras maiúsculas muito grandes MEDITAÇÃO.

-Parece-me que está louco -disse o homem.

-Já descendi muito -disse o professor-. A primeira resposta era a resposta correta, a segunda não era tão correta, a terceira estava ainda mais equivocada, a quarta era já muito incorreta... porque quando escreve MEDITAÇÃO em letras maiúsculas, cria com isso um deus. Por isso a palavra Deus se escreve com D maiúscula. Cada vez que quer que algo seja supremo, definitivo, escreve-o com maiúscula. -Já cometi um pecado -disse o professor. Apagou todas as palavras que tinha escrito e disse-: Por favor, escuta minha primeira resposta. Só com ela te hei dito a verdade.

O silêncio é o espaço no que alguem acorda, e a mente ruidosa é o espaço no que alguém permanece dormido. Se sua mente continua tagarelando, está dormido. Se se senta em silêncio, se a mente desaparecer e pode ouvir o canto dos pássaros e não há barulho em seu interior, um silêncio... este assobio do pássaro, este gorjeio, e nenhuma mente funcionando dentro de sua cabeça, silêncio total... então a consciência aflora em ti. Não vem de fora, surge dentro de ti, cresce em ti. Pelo resto, recorda: está dormido.

 
Fonte: OSHO - Consciência - A chave para viver em equilíbrio

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