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sábado, 31 de janeiro de 2015

O Arquétipo do Sabotador

Este arquétipo tem várias faces: pode ser “o crítico”, “o perfeccionista”, “a vítima”, “o prestativo”, “o viciado em trabalho”, “o racional”, “o ansioso”, “o hiperativo”, “o controlador”, “o esquivo”.


É um arquétipo difícil de entender, porque o seu nome está associado à traição. Contudo, o propósito deste arquétipo não é sabotar-te, mas ajudar-te a aprender os muitos modos pelos quais tu te enfraqueces. Com que freqüência põe planos novos em movimento e acabas por não fazer nada por causa dos medos que arruínam esses planos otimistas? Ou começas uma relação nova e a seguir destrói-la porque começas a imaginar um resultado doloroso? Ou começas uma relação de trabalho com outra pessoa e dás por ti, uma vez mais, numa luta de poder, que poderia ser resolvida pacificamente, mas entra no mesmo padrão destrutivo porque temes a outra pessoa?
Os medos do Sabotador estão relacionados com a baixa auto-estima que o obriga a fazer escolhas que bloqueiam a sua própria capacitação e sucesso. Precisas de enfrentar este arquétipo poderoso, que todos nós possuímos, e fazer dele um aliado. Quando fizeres isso, descobrirás que ele chama a tua atenção para situações nas quais estás em perigo de ser sabotado, ou de te sabotares a ti próprio. Uma vez que te sintas confortável com o Sabotador, aprende a ouvir e a atender as suas advertências, poupando-te o desgosto de cometer sempre os mesmos erros. Se o ignorares, o Sabotador sombra manifestar-se-á na forma de comportamentos autodestrutivos ou no desejo de prejudicar outros.
Para aprenderes a dar-te conta da ação do Sabotador dentro de ti, faz estas perguntas a ti próprio:
• Que medos têm maior autoridade sobre mim? Lista três.
• O que acontece quando um medo se apodera de mim? Torna-me silencioso?
• Eu permito que as pessoas falem por mim?
• Eu aceito algumas coisas por medo que de outra forma não aceitaria?
• Eu deixei que oportunidades criativas passassem por mim?
• Quão consciente estou eu no momento em que me estou a sabotar?
• Eu sou capaz de reconhecer o Sabotador nos outros?
• Eu poderia oferecer conselhos a outros sobre como desafiarem o seu sabotador? Nesse caso, quais seriam?
in ~Sacred Contracts~ Caroline Myss
Tradução Irene Crespo

Fonte: http://corpoinconsciencia.com/2013/10/15/o-arquetipo-do-sabotador/

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

A habilidade de se auto-acolher após uma discussão



É nos momentos em que nos desentendemos com os outros que mais temos que nos entender conosco mesmo. Afinal, o desconforto com o outro nos leva a sentir nossa própria desarmonia. Diante de tais situações, o melhor é saber se recolher, dar a si a oportunidade de aumentar a sua compreensão da situação antes que a situação se torne caótica demais.

Toda negatividade se origina de um certo descontentamento. Mas, muitas vezes procuramos a raiz desse descontentamento no lugar errado. Polarizamos os conflitos. Sobrecarregamos pessoas e situações com tantos defeitos que nem nos damos conta que fazemos parte deste conflito.

Não é fácil escutar o descontentamento alheio sem se deixar contaminar pelo próprio desconforto. Por isso, quando uma discussão torna-se apenas um desabafo agressivo, o melhor é refletir antes de sair acusando o outro disto e daquilo. Saber se auto-observar e suportar o silêncio, gerado após de uma descarga de insatisfações de ambas as partes, requer a habilidade de se auto-acolher. Nestes momentos, buscar apoio em nós mesmos nos dá a chance de reconhecer nossas próprias falhas.
O problema surge quando não sabemos como nos auto-acolher. Pois buscamos no outro a base de nossa segurança. Naturalmente, não é fácil encontrá-lo disponível para nos receber, se há pouco havia uma enxurrada de insatisfações. Mas, se estivermos acostumados a depender do estado emocional alheio para nos sentirmos bem, instintivamente começaremos a tentar transformá-lo para que ele possa nos atender em nossa necessidade de ser visto e acolhido. O outro, pressionado por nosso desejo secreto de mudá-lo, pode reagir negativamente e se tornar ainda mais indisponível. A essa altura ambos irão se sentir desconfortáveis sem saber bem o porquê. Afinal, todo esse processo de buscar se acalmar nas condições emocionais alheias ocorre, na maioria das vezes, sem que ambos estejam conscientes de suas carências e intenções. 
Aqui ocorre um grande perigo: Quando não temos a nós mesmos para nos acolher acusamos o outro de não estar pronto para nos receber.

Surge, então, o ressentimento de não ter recebido a atenção que se buscava. É como diz a psicanalista Maria Rita Kehl: O ressentido acusa, mas não está seriamente interessado em ser ressarcido do agravo que sofreu. Afinal, ele não quer liberar o outro de sua punição, quer continuar secretamente a transformá-lo para que ele se adapte as suas demandas.
Lama Michel Rinpoche em seus ensinamentos nos alerta: Agredir o outro é uma forma de auto-agressão. Pois a agressão nos impede de elaborar a nossa raiva interiormente. O quanto o outro quer lhe agredir é uma questão dele, mas o quanto nos deixamos ser agredidos é uma questão nossa.

Numa discussão, aquele que quer mais agredir é o mais fraco interiormente. Quanto mais elaboramos a nossa raiva interiormente, menos precisamos do outro para extravasá-la. Mais uma vez, podemos reconhecer que quando não nos acolhemos perdemos a chance de nos encontrar!

Os mestres budistas nos lembram que o que nos deixa doentes não é o fato de não expressarmos a nossa raiva, mas, sim, o apego ao desejo intenso de expressá-la. É o apego a esse desejo que devemos nos libertar. Para tanto, temos que nos acolher, escutar nossos próprios ressentimentos, faltas e insatisfações. Até sentir o calor da discussão passar...
Uma vez equilibrados, agora, está na vez de acolher o outro. Como?

Uma vez estava muito magoada com algo que um amigo me disse, e Lama Gangchen Rinpoche me falou: Não escute as palavras, elas são apenas a mente. Escute além das palavras. Assim, você vai encontrar o coração e, de coração para coração, algo acontece. Passo a passo.


Texto de Bel Cesar