Como lidamos com o silêncio?
Tantas vezes no nosso dia-a-dia temos a oportunidade de reparar que não nos é permitido parar ou sentir um pouco do que é a tranquilidade. Vivemos num mundo com barulho, correrias, pessoas agitadas e com os “nervos à flor da pele”. E, com isto, vamos criando uma distância de nós mesmos, perdendo o espaço necessário para a contemplação, para a meditação e para a reflexão.
Muitas pessoas fogem do silêncio porque não toleram a falta de ruídos e as pausas. Nestas situações, existe muitas vezes a sensação de que não sabemos ficar sem fazer algo, não havendo tolerância, também, para a ausência de pessoas. Recorda-se de algum momento em que recorreu rapidamente ao ruído da TV ou colocar os fones nos ouvidos por sentir uma sensação de desconforto? Muitos casais sentem-se desorientados e não conseguem passar um período de tempo juntos num silêncio cúmplice e amoroso.
O silêncio geralmente é visto como algo negativo. No entanto, o silêncio pode variar em quantidade e qualidade, pode ser espontâneo ou estratégico, voluntário ou forçado, quente ou frio como uma pedra… Além disso, o silêncio é também positivo e necessário. Ouvir o silêncio é importante, apesar de, muitas vezes, ser difícil a sua interpretação. Por outras palavras, o silêncio é uma forma de comunicação que pode e deve ser aprendida.
Na música, o próprio silêncio tem ritmo, e é tão importante quanto o som. As pausas são as figuras que representam os momentos de silêncio na música, e o músico conta estes silêncios com o mesmo valor que tem as notas que produzem o som. Todas as músicas tem a sua pausa, e nós também precisamos de pausas. A vida necessita do silêncio da pausa.
Por isso, é importante que paremos por alguns instantes na correria do estresse do dia-a-dia para estarmos tranquilos e ouvirmos apenas a nossa voz interior. Sim, o contato com o nosso interior despertará sentimentos, mas também equilibrará determinados anseios, abrindo perspectivas e promovendo o equilíbrio emocional e afetivo.
O silêncio pode parecer um vazio terrível, mas é esse vazio que é preenchido com a consciência de si mesmo, pois é em silêncio que podemos mergulhar no nosso verdadeiro “eu”.
Texto de Cristiana Pereira
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