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quinta-feira, 19 de maio de 2011

O Coitado e o Bonzinho





Você conhece o tipo: tem sempre uma desculpa na ponta da língua para justificar suas falhas ou seu “azar” na vida. Nada que dá errado é culpa dele, simplesmente porque o sujeito não assume responsabilidade por insucessos; no entanto, sabe vangloriar-se das coisas que correm bem, por menores que sejam e, puxa, como ele é bom em autopromoção nessas horas.
Se você olhar mais de perto, verá que sempre houve quem fizesse as coisas por ele, em especial acobertando seus atos irresponsáveis. É muito comum encontrar uma figura feminina superprotetora fazendo esse papel desde cedo – mãe, avó... –, de modo que a criatura acaba crescendo sem aprender a assumir a responsabilidade pelos próprios atos. Essas figuras, na melhor das intenções, acabam criando um adulto imaturo e impotente, que no fundo se sente um incapaz, afinal foi castrado psicologicamente e sempre teve quem passasse a mão em sua cabeça. Quem é tratado como coitado desde pequeno, cresce acreditando ser um coitado.
O sujeito que não se rebela com esse tratamento e se acostuma com ele, acaba aprendendo a mutreta: fazer o papel de coitado funciona que é uma beleza, porque sempre aparece uma alma caridosa que acredita na impotência, inabilidade, azar, falta de tempo ou o que for dele e dispõe-se a ajudá-lo. E assim ele segue vida afora manipulando os outros – em geral, despertando-lhes pena – para conseguir o que tem preguiça de fazer. Sem mexer o traseiro, comodamente assume o papel de vampiro ou parasita alheio e põe os outros para trabalharem – de graça, preferencialmente – para si.
Mulheres em geral costumam ser alvos mais fáceis e frequentes desse tipo, em especial as mais próximas – da família, amigas ou namoradas –, que vestem o uniforme de super-heroínas e lutam a todo custo pelo bem-estar dos entes queridos. Passam a vida intrometendo-se onde não são chamadas, inclusive comprando brigas de outras pessoas, e gastam muito tempo, energia, saúde e até dinheiro tentando resolver a vida de todos, segundo o ideal que alimentam em suas mentes. Sem contar o desgaste mental e emocional, afinal é mais preocupação que arranjam. Para elas, os parentes, vizinhos, amigos, conhecidos e até estranhos são todos uns coitados impotentes e elas, sim, as grandes salvadoras, as assistentes diretas de Deus, cuja missão na Terra é ajudar indiscriminadamente esses pobrezinhos. Matam-se por eles, acreditando-se almas muito boas, quando no fundo são pretensiosas, vaidosas e trouxas. E, mesmo sofrendo caladas com a ingratidão, resignam-se na crença firme de que estão certas na prática da caridade.
Aqui cabe uma reflexão sobre o que é o verdadeiro bem. Impor sua verdade e seu sonho ilusório de perfeição sobre alguém, tentando ajudar quem não merece ou não quer realmente ser ajudado, não é nada sensato nem inteligente. Ainda mais se, no final das contas, ajudou-se a alimentar a imaturidade, a safadeza e a impotência alheia.
Crianças criadas dessa forma – como reizinhos e princesinhas – crescem não só mimadas, inábeis e irresponsáveis, mas também sem colhões psicológicos. Com isso, tornam-se adultos manipuladores e autoritários que, ao menor sinal de contrariedade, têm acessos de raiva e dão verdadeiros chiliques, criticando tudo e todos e exigindo, indignados e inconformados, que suas vontades sejam aceitas e satisfeitas incondicionalmente. Fazem até chantagem e apelam para inverdades e golpes baixos nessas horas. Ou, ao invés de partirem para o ataque direto, podem reforçar a posição de pobres vítimas indefesas, numa atitude passiva caracterizada pelo “coitadismo”, pela chantagem emocional e a lamentação – “ó, céus! Ó, vida! Ó, azar!...”. Alguns chegam ao ponto de criar uma doença ou atrair um acidente ou evento trágico em suas vidas, tudo para justificar sua condição de “coitado”, despertar a comiseração alheia e conseguir ajudantes em sua “árdua luta nesta vida”.
Existe uma grande diferença entre uma pessoa que está passando por um desafio na vida e não sabe ou não tem recursos – materiais ou interiores – para superá-lo, pedindo ajuda de forma sincera e humilde; e alguém que simplesmente não está disposto a fazer o esforço necessário para resolver a situação e, com jeitinho, tenta convencer os outros a ajudá-lo, enquanto fica sentado esperando pelo resultado positivo no final. Assim é fácil, não? Só que existe um preço: essa criatura não aprende a se virar sozinha, não desenvolve os próprios potenciais, não amadurece, não evolui. Fica cada vez mais infantil, manhosa, manipuladora, arrogante, egocêntrica, ditatorial, sem vergonha na cara, chata e perigosa, porque na mente dela é: “ou você faz o que eu quero ou vai se ver comigo!”
É importante aprender a discernir entre esses dois tipos para não “jogar pérolas aos porcos”. O verdadeiro bem gera o bem e ajuda no crescimento de outras pessoas, ao invés de contribuir para mantê-las estagnadas na evolução. E acredite: nem todo mundo quer de fato ser ajudado e sair da limitação; há gente acomodada que só quer que você desça até o fundo do poço para fazer companhia e levar alimento emocional.
Não existe “coitado”, cada um passa por aquilo que atrai, segundo as condições que cria a partir de seu interior – crenças, pensamentos e sentimentos –, no caminho da evolução. Não existe castigo, apenas desafio para estimular nossos potenciais e ajudar-nos a crescer, de modo que nos tornemos seres mais capazes, maduros, conscientes, fortes e independentes. Que coisa lamentável uma pessoa dependente, sem dignidade, na mendicância... Isso, a meu ver, é pobreza espiritual e falta de luz interior.
Por isso, digo: por trás de todo “coitado” – e alguns se tornam profissionais impressionantes, que conseguem levar muita gente na sua conversa –, existe um safado que insiste em ir contra a Vida, pois o fluxo dela é para frente e para cima, numa evolução constante. É apenas uma questão de tempo para atrair uma situação mais drástica que o force a andar sem as muletas que tanto aprecia. E ai de quem insistir em ajudar o “coitadinho”, porque vai sobrar para ele também, afinal está atrapalhando a evolução do outro. E a Vida, definitivamente, não mima ninguém.

Fonte: http://luznaconsciencia.blogspot.com/2010/11/coitado-nao-safado.html



Quero deixar claro aqui que não estou dizendo que não devemos ajudar ninguém e sim que devemos ficar atentos para não sermos explorados e acabar carregando os problemas dos outros nas costas. 
Ao se conhecer, ao ter intimidade com o seu Eu Interior, que é você em essência, você saberá a quem deve ajudar.
Como diz o Gasparetto"Quem cuida da vida dos outros não tem tempo de cuidar da própria vida". 
Todos temos capacidade de tomar conta de si. Não estou aqui falando dos que estão em condições de limitação física. Estes, devem ser tratados com respeito e sem piedade.Sentir pena, é dizer que o outro não é capaz. E mesmo estando numa situação de limitação física, esse situação é temporária. A vida é eterna.
Outro dia li um depoimento em um livro de uma médica psiquiatra que trabalha com pacientes em estado terminal. Esta médica era tri-gemea. Sua mãe teve um avc. Antes do avc, a mãe a fez prometer que jamais deixaria ela vegetando em uma cama. Depois do avc ela não consegui desligar os aparelhos. E isso a fez sentir muita raiva de Deus, por ter feito a mãe sofrer por 4 anos em uma cama. Ela achava que a mãe era uma pessoa muito boa e que não merecia aquela situação. Depois de algum tempo, durante a meditação, ela teve a resposta. A mãe era uma pessoa muito auto-suficiente. E no Universo tem que haver um equilíbrio entre o dar e o receber. A mãe da médica teve um avc para receber amor e cuidados. Aquela situação tinha sido um presente para que numa futura vida ela não precisasse vir com deficiência e passar a vida inteira dependendo de alguém.
O Universo é sábio. Tudo está em equilibro. Tudo está perfeito do jeito que está. Os problemas que os outros estão passando são para a evolução deles. Os seus problemas, são para a sua evolução.
Nós, só conhecemos 'a parte'. Quem conhece 'o todo' é Deus. Neste momento, com a visão que você tem da situação, talvez você não consiga compreendê-la. Mas, quando você estiver pronta, com certeza, compreenderá.

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