Nós não somos a nossa mente, nem os nossos pensamentos.
A nossa mente existe e é maravilhosa, mas no estado em que nos encontra-mos é comandada pelo nosso ego que coloca nela todo o tipo de pensamentos que classifica como bons e maus, e esse conceito existe apenas porque o ego quer que ele exista.
Podemos ter os pensamentos que queremos, é a nossa escolha em cada instante.
Nós somos muito para além da nossa mente, muito mais do que a nossa mente possa alcançar, porque a nossa mente pertence ao nosso corpo e à dimensão física e temporal do nosso corpo.
A nossa verdadeira realidade não é a nossa mente. Usamos a nossa mente para o melhor.
Nós não somos os nossos pensamentos.
Em qualquer altura que nos sintamos em sofrimento significa que nos esquecemos de nós mesmos de quem nós realmente somos.
Só existe sofrimento para o ego. Não existe sofrimento para quem nós realmente somos. Só o ego é que sofre. Nós não sofremos. Só o ego julga e qualifica, e é nessa dualidade e conflito que nasce o sofrimento.
O sofrimento significa oposição e conflito e, no final, significa dualidade, opostos, porque ele mesmo nasce da dualidade, muitas vezes pela simples resistência ao que está a acontecer e qualificando esse acontecimento como bom ou mau.
Como pode alguma coisa ser boa ou má? Ela é simplesmente o que é, porque está a acontecer naquele momento, naquele instante.
O sofrimento nasce nesse mesmo instante, quando se decide recusar o que está a acontecer.
Só há sofrimento quando se permite ao ego apoderar-se de nós e do nosso sistema de pensamento e das nossas emoções. Só nesse momento é que há sofrimento. E esse sofrimento pode durar uns segundos, minutos, horas, dias ou meses e até anos, dependendo do grau de identificação com o ego.
Quando se decide aceitar o que está a acontecer, mesmo a própria dor, e a própria identificação com o ego, este perde completamente o poder, porque não está preparado para a aceitação.
A aceitação faz cair por terra, completamente, todos os esquemas e manipulações do ego. A aceitação é como uma comida indigesta ou uma comida venenosa que o ego não pode suportar, porque ele foi gerado na não-aceitação e no conflito.
Os pensamentos, o sistema mental, é uma ínfima parte de quem nós verdadeiramente somos, as capacidades que existem para além da mente são fabulosas e a paz interior não é um estado mental, mas um estado de quem nós verdadeiramente somos, sendo, em primeira análise, um estado próximo de um estado mental, englobando este, mas expandindo-se em muito mais, para além da compreensão mental.
A paz interior afeta a mente e faz com que esta esteja silenciosa.
A paz interior é o timoneiro do barco da mente nas águas do corpo.
A paz interior é alcançada quando o ego deixa de usar a mente, e a deixa em paz, quando não existe conflito.
A paz interior está muito para além das palavras, porque as palavras são uma limitação.
A mente, ao serviço do ego, procura tudo rotular e aplicar a dualidade em tudo, porque assim mantém o ego vivo.
Quando se deixa o sistema da dualidade, quando não se julga, não se resiste, não se qualifica, não há oposição, então há uma outra energia que comanda a mente, e que sempre a comandou, mas esquecemo-nos dela, quando nos envolvemos com o sistema de pensamento do ego e a dualidade surgiu.
Mas dentro de nós sempre existiu e sempre existirá essa energia superior a todos os pensamentos de dualidade, basta lembrar-nos dela em qualquer momento, e este lembrar não é um processo mental, mas mais aproximadamente um sentir.
Quando dizemos: - Eu Sou Aquele Que Sou, o sistema de dualidade cessa, porque a unidade, a individualidade, foi invocada.
Fonte: Cartas de Amor para mim mesmo - Joma Sipe
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada por comentar.